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Eleições nos EUA: Europa caminha para "nova relação transatlântica"

O analista Miguel Monjardino acredita que a Europa está a caminho de uma "nova era de relação transatlântica", após as eleições presidenciais nos EUA, e que se terá apenas quatro anos para decidir o que se quer dela.

Eleições nos EUA: Europa caminha para "nova relação transatlântica"
Notícias ao Minuto

18:41 - 11/11/20 por Lusa

Mundo Eleições EUA

"Não conhecemos Kamala Harris. Não sabemos o que sucederá em 2024", disse o professor de Geopolítica e Geoestratégia do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa, referindo-se à possibilidade de a futura vice-Presidente assumir a liderança da Casa Branca, após um mandato do agora Presidente eleito Joe Biden, deixando assim um curto período para tomar decisões sobre as relações entre os dois lados do Atlântico.

Numa conversa digital sobre "o futuro das relações transatlânticas" - organizada pelo Clube de Lisboa, em parceria com a Câmara de Lisboa e o Instituto Marquês Valle Flor e moderada pela diretora de Informação da agência Lusa, Luísa Meireles - Miguel Monjardino defendeu que a política internacional é uma "realidade dinâmica" e que a Europa deve decidir o que pretende de uma "nova era de relação transatlântica"

"Sempre que surge um novo Presidente dos EUA, temos a ideia do 'reset', de que vamos recomeçar. E temos a ideia de que quem tem de corrigir o rumo é a América", explicou Monjardino, referindo-se às expectativas sobre as relações entre a Europa e a futura administração democrata de Joe Biden.

"Acreditamos que (com Biden) os Estados Unidos voltarão a ser o que eram, pelo que o mundo voltará ser o que era. Eu discordo. Os Estados Unidos mudaram substancialmente e continuarão a mudar. E o mundo também mudou", acrescentou o especialista em política norte-americana, que brincou com o facto de se considerar o analista português mais próximo dos EUA, por morar nos Açores.

Miguel Monjardino considera que as relações transatlânticas dependem de muitas variáveis e de vários atores, num cenário geopolítico em mudança rápida e profunda.

"Achamos que os EUA são o principal agente da política internacional. Que os outros países reagem sobretudo à América. Discordo. Esses outros países têm agenda própria e sabem que o mundo mudou e que isso terá consequências na forma como a administração Biden olhará para as relações transatlânticas", concluiu Monjardino.

Para este especialista, contudo, a Europa não será a zona do mundo para onde o futuro Governo norte-americano olhará em primeiro lugar.

"Biden conhece bem a Europa. Mas a sua principal prioridade será a Ásia. A China, em particular", explicou Miguel Monjardino, embora reconhecendo que Biden quererá aprofundar laços com os aliados europeus, até tendo em atenção as relações que deverá estabelecer com a Rússia.

Mas, na perspetiva deste estudioso da realidade norte-americana, Joe Biden terá uma agenda política de início de mandato muito virada para as questões domésticas: pandemia, economia e infraestruturas.

"A América vai investir muito em si", disse Monjardino, dizendo que suspeita que a transição de poder nos EUA, entre o republicano Trump e o democrata Biden, vai correr mal, vai fazer perder seis preciosos meses e obrigar o novo Governo a tomar posse em situação difícil.

"Devemos prestar atenção à transição de poder. É aí que a nova administração se inteira do que vai acontecer. (...) E suspeito que vai correr mal", disse o professor de Geopolítica e Geoestratégia do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa, referindo-se aos obstáculos que estão a ser colocados pelos republicanos, "que tiveram um excelente resultado nas eleições para o Congresso".

Monjardino considera que os Estados Unidos vão querer estabelecer uma boa relação com a Europa, tendo Berlim e Bruxelas como interlocutores privilegiados, mas não antevendo grandes mudanças na pressão que os norte-americanos exercem sobre o contributo dos aliados para a NATO ou nos alertas que eles fazem sobre os riscos de investimento chinês em setores estratégicos, como seja a rede 5G.

"O ecossistema tecnológico digital é muito importante. E nós, europeus, vamos ter de decidir onde nos queremos movimentar", concluiu Monjardino, recordando que Joe Biden prometeu iniciar uma aliança de países democráticos, onde estas matérias poderão ser objeto de estratégias comuns.

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