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Exército acusa governo de Myanmar de irregularidades eleitorais

O exército de Myanmar (antiga Birmânia) acusou o governo, liderado por Aung San Suu Kyi, de irregularidades nas eleições gerais do próximo de domingo, as primeiras organizadas pelo atual executivo.

Exército acusa governo de Myanmar de irregularidades eleitorais
Notícias ao Minuto

06:28 - 04/11/20 por Lusa

Mundo Myanmar

Em comunicado, as Forças Armadas, que governaram o país durante quase meio século, afirmaram que durante a transição para a democracia se realizaram eleições "livres" e "justas" em 2010 e 2015, ambas organizadas por organismos próximos do comando militar.

No entanto, segundo o exército, as eleições deste ano, agendadas para 08 de novembro, revelam uma "violação generalizada das leis e procedimentos" na votação antecipada e "erros por descuido" nas listas eleitorais, pode ler-se em comunicado divulgado na segunda-feira, atribuído ao chefe das forças armadas, Min Aung Hlaing, segundo a agência de notícias espanhola Efe.

"As eleições de 2020 deveriam ter maior liberdade e justiça, mas agora surgem fraquezas e deficiências que nunca foram vistas nas eleições anteriores, o que pode ter um impacto negativo na imagem do escrutínio", afirmou.

Os militares, que redigiram a atual Constituição, ao abrigo da qual reservam os ministérios da Defesa, do Interior e das Fronteiras, bem como 25% dos assentos no Parlamento, responsabilizaram o executivo pelos fracassos no processo eleitoral.

"O governo tem plena responsabilidade por todos os erros intencionais e não intencionais [...], é um processo político que reflete o cumprimento das suas responsabilidades governamentais", pode ainda ler-se na nota.

A líder de facto de Myanmar, Aung San Suu Kyi, votou antecipadamente na quinta-feira, devido às restrições implementadas para conter o avanço da pandemia de covid-19, que atingiu duramente o país.

Suu Kyi não pode tornar-se Presidente do país, porque a Constituição não o permite para quem tenha familiares com passaporte estrangeiro, mas criou o cargo de conselheira de Estado, para liderar de facto o país.

Em meados de outubro, a Comissão Eleitoral anunciou o cancelamento das eleições em várias zonas de conflito em todo o país, por razões de segurança, com especial destaque para o estado ocidental de Rakhine, onde vivem 600 mil rohingyas, vítimas de uma operação de limpeza étnica militar de 2017.

As eleições estão também a ser marcadas por alertas das Nações Unidas sobre violações de direitos humanos.

No final de outubro, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos expressou preocupação com a violação dos direitos humanos das minorias, nomeadamente com os perseguidos muçulmanos rohingya, e com a detenção de vários ativistas durante o período pré-eleitoral.

A ONU criticou as autoridades por recusarem a cidadania à grande maioria dos rohingyas, impedindo-os de votar ou de se candidatarem, e lamentou que a Comissão Eleitoral tenha cancelado "sem justificação compreensível" a votação em 57 municípios, enquanto algumas partes dos estados de Rakhine e Chin sofreram um apagão de internet decretado pelas autoridades.

As eleições legislativas de 8 de novembro serão as segundas relativamente livres realizadas no país, que iniciou há dez anos uma transição para aquilo a que os militares chamaram uma "democracia disciplinada".

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