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Líder do principal partido da oposição na Tanzânia detido pela polícia

O presidente do principal partido da oposição da Tanzânia foi hoje detido, após ter apelado aos tanzanianos para que se manifestassem contra os resultados "ilegítimos" das recentes eleições presidenciais e legislativas, anunciou a polícia.

Líder do principal partido da oposição na Tanzânia detido pela polícia
Notícias ao Minuto

12:08 - 02/11/20 por Lusa

Mundo Tanzânia

Freeman Mbowe, líder do Chadema, apelou aos seus apoiantes para saírem à rua a partir de hoje como forma de pressão para que sejam convocadas novas eleições, perante o facto de, segundo a oposição, as eleições presidenciais e parlamentares de 28 de outubro terem sido marcadas por fraudes generalizadas.

"Prendemos Mbowe, ele está nas nossas mãos", disse Lazaro Mambosasa, chefe da polícia de Dar es Salam, capital do país, à estação de televisão estatal TBC1, acrescentando que seis altos funcionários do Chadema se encontram também detidos.

"Além das manifestações, que proibimos, eles queriam incitar as pessoas a pilhar infraestruturas, queimar postos de abastecimento, mercados e veículos de transporte público", justificou o responsável.

O chefe da polícia advertiu que "qualquer pessoa envolvida na preparação de manifestações ilegais será presa e levada perante a justiça".

O Presidente John Magufuli, 61 anos, foi reeleito para um segundo mandato com 84,39% dos votos e o seu partido, o CCM [Chama Cha Mapinduzi - Partido da Revolução, em Suaíli], no poder desde a independência, ocupou quase todos os 264 lugares em disputa nas eleições legislativas realizadas no passado dia 28.

O candidato do Chadema e principal opositor de Magufuli nas eleições presidenciais, Tundu Lissu, advogado de 52 anos, que voltou à Tanzânia após três anos de tratamentos e convalescença no estrangeiro na sequência de uma tentativa de assassínio - na sua opinião, com motivações políticas - em 2017, obteve apenas 13,03% dos votos.

Os restantes 2,58% dos votos foram divididos entre os outros 13 candidatos. Foram registados os votos de 50,72% dos mais de 29 milhões de tanzanianos com capacidade eleitoral. Magufuli recolheu 12,5 milhões de votos e Lissu cerca de 1,9 milhões.

Quanto à composição do parlamento tanzaniano, o CCM conquistou a quase totalidade dos 264 círculos eleitorais, ultrapassando largamente os mais de dois terços necessários para aprovar alterações à Constituição do país, incluindo o alargamento do limite de dois mandatos presidenciais.

No dia seguinte à votação, e ainda antes do anúncio dos resultados pela comissão de eleições do país, Lissu disse que não os aceitaria, considerando que tinha sido levada a cabo "uma fraude numa escala sem precedentes na história" da Tanzânia.

A lei tanzaniana não permite a contestação de resultados de eleições presidenciais em tribunal, o mesmo não acontecendo com eleições legislativas ou outras. "A porta para contestar os resultados das eleições presidenciais em tribunal está fechada para nós, e é por isso que decidimos dirigir-nos ao povo", explicou Lissu, no sábado, durante um apelo aos protestos lançado pelo Chadema, com o ACT-Wazalendo, o segundo maior partido da oposição.

O primeiro mandato de Magufuli - eleito com 58% dos votos em 2015 - caracterizou-se por um declínio acentuado das liberdades fundamentais e pela multiplicação dos ataques contra a oposição, de acordo com várias organizações de direitos humanos.

No arquipélago semiautónomo de Zanzibar, onde, além das eleições nacionais, se votou para a eleição do próprio presidente e deputados, o candidato da oposição, Seif Sharif Hamad, foi detido duas vezes na semana das eleições e as tentativas de manifestações foram brutalmente reprimidas.

Ao contrário de eleições anteriores, estas não contaram com a presença de observadores eleitorais internacionais de vulto, como a União Europeia, que não foram convidados a estar presentes. A oposição tanzaniana alega, por outro lado, que milhares de observadores foram afastados das mesas de voto durante a votação na última quarta-feira, e que pelo menos uma dúzia de pessoas morreram na véspera das eleições na região semiautónoma de Zanzibar.

O grupo de regional de especialistas Tanzania Elections Watch assinalou que estas eleições marcaram "o recuo mais significativo na democracia da Tanzânia", indicando que o forte destacamento de militares e polícias criou um "clima de medo" entre os eleitores.

Os Estados Unidos da América afirmaram que "as irregularidades e as margens esmagadoras da vitória levantam sérias dúvidas sobre a credibilidade dos resultados anunciados".

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