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Juízes franceses ordenam que médico ruandês vá a julgamento

Juízes de instrução franceses ordenaram o encaminhamento do médico ruandês Eugène Rwamucyo para o Tribunal de Justiça de Paris por "genocídio" e "crime contra a humanidade", noticia hoje a agência France-Presse (AFP), que cita fontes judiciais.

Juízes franceses ordenam que médico ruandês vá a julgamento
Notícias ao Minuto

18:45 - 15/10/20 por Lusa

Mundo Tribunal

Rwamucyo, 61 anos e atualmente a viver na Bélgica, é também acusado de ser cúmplice e por "associação criminosa com vista à preparação" de crimes cometidos entre abril e julho de 1994 no Ruanda, palco, durante este período, de um genocídio perpetrado contra a minoria tutsi e que provocou a morte de cerca de 800.000 pessoas.

"O meu cliente contesta formalmente as acusações", disse o advogado de Rwamucyo, Philippe Meilhac, à AFP, acrescentando que o seu cliente enfrentará um possível julgamento "com serenidade".

Rwamucyo é acusado por Kigali de ter participado em reuniões de líderes genocidas em Butare (sul do Ruanda) em 1994, incluindo uma sob o então primeiro-ministro, Jean Kambanda, condenado a prisão perpétua pelo Tribunal Penal Internacional para o Ruanda.

O médico ruandês é também suspeito de ter encabeçado um enterro em massa de corpos de civis tutsis durante os massacres.

"O meu cliente era um responsável médico na região de Butare e, como tal, estava encarregado de enterrar os corpos", afirmou Meilhac, apontando que o seu cliente "agora está a ser acusado de ter aproveitado esta missão essencial para atacar os sobreviventes".

Em 2007, à revelia, Rwamucyo foi condenado a prisão perpétua pela justiça do Ruanda.

O médico trabalhava no hospital de Maubeuge, no norte de frança, tendo sido suspenso em outubro de 2009 quando a administração do hospital soube que este era alvo de um mandado de captura internacional emitido por Kigali.

Já depois de ter sido despedido, Rwamucyo foi capturado sob mandado em maio de 2010 em Sannois, perto de Paris, após assistir ao funeral de Jean-Bosco Barayagwiza, um outro ruandês, cofundador da Radio-Télévision Libre des Mille Collines, que propagou ideologia extremista hutu e discurso de ódio contra tutsis.

O médico acabou por ser libertado após o tribunal da Relação de Versalhes se ter oposto à sua extradição.

Em 2013, Rwamucyo foi acusado pela primeira vez por "participação num acordo para cometer o crime de genocídio", tendo enfrentado em 2018 acusações de "genocídio" e "crimes contra a humanidade".

Rwamucyo foi então colocado sob supervisão judicial e passou a estar proibido de abandonar o espaço Schengen.

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