Tribunal adia leitura de sentenças no caso do partido Aurora Dourada
Um tribunal grego suspendeu hoje até sexta-feira de manhã a leitura das sentenças de 18 antigos deputados do Aurora Dourada (extrema-direita), um dia após os juízes terem emitido um veredicto histórico considerando aquele partido uma organização criminosa.
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Mundo Aurora Dourada
A audiência será retomada na manhã de sexta-feira com as intimações dos advogados que representam os ex-deputados, incluindo o líder do partido, com argumentos sobre as circunstâncias atenuantes para a imposição de sentenças mais brandas.
O veredicto de quarta-feira foi o culminar de um julgamento de cinco anos, que envolveu 68 réus -- entre funcionários do partido, membros e supostos apoiantes -, mais de 200 testemunhas e mais de 60 advogados.
Fora do tribunal, em Atenas, cerca de 20.000 pessoas realizaram uma manifestação antifascista e outros milhares realizaram idêntica iniciativa na cidade de Tessalónica, no norte do país.
O partido Aurora Dourada, fundado como um grupo neonazi na década de 1980, ganhou destaque durante a grave crise financeira da Grécia iniciada em 2009, tendo chegado a ser a terceira maior força política grega.
Considerado como um modelo para muitos grupos de extrema-direita, na Europa e fora dela, o Aurora Dourada elegeu vários deputados nas legislativas gregas desde 2012 até que, em 2019, a popularidade caiu significativamente.
Quarta-feira, o tribunal condenou vários dos ex-deputados do partido por participarem numa organização criminosa, e considerou outros culpados de liderarem uma organização criminosa.
A decisão judicial baseia-se concretamente em quatro casos: o assassinato do 'rapper' grego Pavlos Fyssas, vários ataques a migrantes, atentados contra ativistas de esquerda e a determinação do tipo de organização (criminosa ou não) que está na base do partido Aurora Dourada.
A decisão faz história na Grécia e no movimento antifascista, já que o tribunal entendeu que os crimes cometidos por líderes e militantes do partido político neonazi foram cometidos sob a proteção e as ordens do Aurora Dourado.
A notícia de que o fundador e líder do partido, Nikos Michaloliakos, foi considerado culpado de "liderar uma organização criminosa" provocou explosões de alegria à frente do tribunal, onde a multidão esteve reunida.
Nikos Michaloliakos, de 62 anos, negacionista do Holocausto e admirador do nacional-socialismo, foi um dos 68 réus do julgamento condenados por um homicídio e duas tentativas de homicídio.
O ativista de esquerda e 'rapper' Pavlos Fyssas foi esfaqueado até à morte na noite de 18 de setembro de 2013, aos 34 anos, frente a um café do seu bairro de Keratsini, um subúrbio de Atenas.
O assassino, um dos líderes do Aurora Dourada, Yorgos Roupakias, admitiu o crime durante o julgamento e pode ser condenado a prisão perpétua.
Além de Mijaloliakos, outros seis líderes do partido foram considerados culpados de liderar uma organização criminosa, sendo que os 18 ex-deputados do partido poderão ser condenados a pelo menos 10 anos de prisão.
Dezenas de outras pessoas em julgamento, membros do partido e militantes, enfrentam condenações por acusações que variam entre assassinato e perjúrio.
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