Nagorno-Karabakh. Rússia adverte sobre participação de mercenários sírios
A diplomacia russa denunciou hoje a presença de combatentes da Síria e da Líbia enviados para a zona de conflito do Nagorno-Karabakh, uma região azeri separatista onde desde domingo decorrem combates mortíferos.
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Mundo Nagorno-Karabakh
"Combatentes de grupos armados ilegais, designadamente da Síria e da Líbia, estão em vias de ser deslocados para a zona de conflito do Nagorno-Karabakh para participar nos combates", afirmou em comunicado o ministério russo dos Negócios Estrangeiros, antes de manifestar "profunda preocupação por processos suscetíveis de provocar uma escalada das tensões no conflito" e em toda a região.
A Rússia apelou aos "dirigentes dos países envolvidos a adotarem medidas eficazes para impedir o recurso a terroristas e mercenários estrangeiros neste conflito e pela sua retirada imediata da região", de acordo com o texto.
A Arménia acusou a Turquia, que apoia Baku, de enviar "mercenários" para o Nagorno-Karabakh. O Azerbaijão desmentiu as alegações e devolveu a acusação da Erevan.
Na terça-feira, o Governo turco reafirmou o seu apoio ao Azerbaijão "no terreno e na mesa das negociações" no conflito com a vizinha Arménia, indicou o chefe da diplomacia de Ancara, Mevlut Çavusoglu, reiterando que o conflito não será solucionado "até que a Arménia se retire dos territórios azeris".
O embaixador arménio da Rússia, Vardan Toganian, tinha assegurado previamente que a Turquia enviou 4.000 mercenários a partir da Síria, uma alusão também desmentida pelo Presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
Na ocasião, o chefe da diplomacia azeri, Jeyhun Bayramov, negou a ingerência turca e declarou que maior parte do armamento usado pelas forças azeris é de origem russa.
No centro das deterioradas relações entre Erevan e Baku encontra-se a região do Nagorno-Karabakh, no Cáucaso do sul onde colidem os interesses de diversas potências, em particular Turquia, Rússia, Irão e países ocidentais.
Este território de maioria arménia, integrado em 1921 no Azerbaijão pelas autoridades soviéticas, proclamou unilateralmente a independência em 1991 com o apoio da Arménia.
Na sequência da uma guerra que provocou 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk. No entanto, as escaramuças armadas permaneceram frequentes.
Em julho deste ano, os dois países envolveram-se em confrontos a uma escala mais reduzida que provocaram cerca de 20 mortos. Os combates recentes mais significativos remontam abril de 2016, com um balanço de 110 mortos.
A Arménia, país cristão desde o século IV, registou uma história tumultuosa desde a sua independência em 1991.
Na primavera de 2018, uma revolução pacífica levou ao poder o atual primeiro-ministro Nikol Pashinyan, que impôs reformas destinadas a democratizar as instituições e combater a corrupção.
O Azerbaijão, um país com população de maioria muçulmana xiita e junto ao mar Cáspio, permanece desde 1993 sob o controlo de uma única família. Heydar Aliyev, um antigo general do KGB soviético, dirigiu o país com mão de ferro até outubro de 2003, cedendo o poder ao seu filho Ilham algumas semanas antes de morrer.
À semelhança de seu pai, Ilham Aliyev não permitiu o surgimento de qualquer oposição. Em 2017, designou a sua mulher Mehriban para vice-Presidente do país, a primeira mulher a assumir este cargo no país do Cáucaso.
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