Jaca Bizilj, fundador da iniciativa "Cinema for Peace", que organizou a transferência de Navalny da Sibéria para Berlim, indicou numa conversa virtual com jornalistas estrangeiros na Alemanha que "a sua porta-voz deixou claro que (ele) deseja voltar para a Rússia".

Referindo que a equipa de Navalny continuou politicamente ativa enquanto o opositor estava em coma induzido, o ativista frisou que "para eles não há dúvida de que continuarão com o seu trabalho político na Rússia".

Um mês depois de ter sido hospitalizado em Berlim devido a um alegado envenenamento por Novichok, Navalny, 44 anos, teve alta na terça-feira e a sua porta-voz, Kira Iarmych, indicou na quarta-feira na rede social Twitter que iria "continuar por enquanto na Alemanha" dado que "o seu tratamento ainda não acabou".

O Kremlin reagiu à alta hospitalar afirmando que o opositor era "livre" de regressar à Rússia, "como qualquer cidadão russo".

Bizilj previu que o crítico do Kremlin necessitará pelo menos de um mês para recuperar totalmente, fazendo uma comparação com o caso de Pyotr Verzilov, ativista russo do grupo punk Pussy Riot, que foi tratado no mesmo hospital de Berlim há mais de dois anos por alegado envenenamento.

"O plano é simples: ser acompanhado por um fisioterapeuta todos os dias. Talvez um centro de reabilitação. Aguentar-me numa perna. Recuperar o controlo total dos meus dedos. Manter o equilíbrio", escreveu Navalny numa mensagem divulgada na rede social Instagram na quarta-feira.

Jaca Bizilj considerou que o estado de Navalny é mais grave do que foi o de Verzilov, que não esteve tanto tempo em coma, mas declarou-se confiante numa recuperação total do opositor russo.

Após ter desmaiado durante um voo na Rússia a 20 de agosto, Alexei Navalny foi inicialmente admitido num hospital da Sibéria e depois transferido para a Alemanha, onde se concluiu que tinha sido envenenado com Novichok, uma substância neurotóxica criada por especialistas soviéticos com fins militares.

Vários laboratórios especializados alemães, franceses e suecos determinaram que o opositor, que denuncia a alegada corrupção das elites russas, foi vítima de envenenamento por um agente nervoso do tipo Novichok, o que Moscovo continua a contestar vigorosamente.

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