Uma esquadrilha germano-israelita formada por aviões F16 e Eurofighter sobrevoou hoje de manhã a base aérea de Furstenfeldbruck, perto de Munique (sul da Alemanha).

Foi nesta base que terminou, em 1972, a tomada de reféns, atletas israelitas, pelo grupo palestiniano Setembro Negro e que foram mortos a maioria dos 11 israelitas que morreram no ataque.

Os exércitos alemão e israelita, que participam desde segunda-feira em exercícios conjuntos inéditos no território federal, pretenderam assim assinalar o acontecimento que enlutou Israel e a história olímpica.

As delegações alemã e israelita devem também participar noutro momento memorial, colocando uma coroa de flores no antigo campo nazi de Dachau, construído em 1933 perto de Munique e que serviu de modelo a numerosos outros campos de concentração criados depois na Europa.

Entre os pilotos israelitas encontram-se vários descendentes de vítimas do genocídio realizado pelos nazis, durante o qual foram mortos seis milhões de judeus. Alguns passaram pelo campo de Dachau, um dos símbolos da barbárie nazi.

A delegação israelita participa na cerimónia com a presença da ministra da Defesa alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer. O neto de um sobrevivente do Holocausto fará um discurso, antes de uma oração.

As forças aéreas alemã e israelita participam até 28 de agosto em exercícios conjuntos designados "Asas azuis 2020", os únicos que Israel fará este ano no estrangeiro devido à pandemia do novo coronavírus.

A força aérea alemã, a Luftwaffe, saudou os exercícios entre os dois países, inéditos em território federal.

Para os soldados israelitas, eles têm uma importância simbólica por ocorrerem 75 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Trata-se de um "acontecimento muito comovente para todos" os participantes, explicou um oficial israelita, neto de um sobrevivente do Holocausto e que não quis ser identificado.

Nos últimos anos, as forças armadas dos dois países "aproximaram-se claramente", adiantou, referindo trocas de informações e exercícios conjuntos em Israel. A força aérea alemã participou em exercícios em 2019 no deserto israelita do Neguev.

"Sinal comovente da nossa amizade hoje é que, pela primeira vez na nossa história, voamos lado a lado com a força aérea israelita", disse o general alemão Ingo Gerharz.

"A nossa missão atualmente é combater o antissemitismo com a maior firmeza", adiantou.

No entanto, a Alemanha tem assistido nos últimos anos ao ressurgimento do ódio aos judeus e as forças armadas são apontadas por alguns dos seus membros pertencerem ao movimento neonazi. No final de junho, o exército alemão anunciou a dissolução parcial de forças especiais, após vários escândalos sobre a sua proximidade à extrema-direita.

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