Partido Ennahdha retira confiança ao primeiro-ministro Elyes Fakhfakh
O Ennahdha, principal formação do parlamento tunisino, decidiu retirar hoje a sua confiança ao primeiro-ministro Elyes Fakhfakh, que dirige um Governo integrado por este partido de inspiração islamita, num contexto de crise política e acusações de conflitos de interesses.
© Reuters
Mundo Tunísia
Uma eventual moção de censura apenas pode ser legitimada caso o parlamento conceda em simultâneo a sua confiança a um outro primeiro-ministro.
O Ennahdha (Partido do Renascimento) disse que vai iniciar negociações para propor um nome que convença a maioria dos deputados, no que será um desafio complexo devido à fragmentação do hemiciclo.
O Ennahdha "decidiu retirar a sua confiança ao primeiro-ministro Elyes Fakhfakh, e encarrega o chefe do partido, Rachid Ghannouchi, de concretizar esta decisão ao promover consultas com diversos blocos e deputados", indicou a formação em comunicado.
Em declarações a rádios privadas, Abdelkarim Harouni, presidente do órgão consultivo do partido, precisou que o Ennahdha apresentará "antes do final de julho" uma moção de censura no parlamento.
Apesar de constituir o principal grupo parlamentar, o partido apenas garante 54 dos 217 deputados numa Assembleia de representantes do povo muito fragmentada.
A formação está em dificuldades no interior da coligação governamental, com diversos partidos a distanciarem-se do Ennahdha e do seu líder Rachid Ghannouchi, também presidente do parlamento.
Em paralelo, o primeiro-ministro Fakhfakh está submetido a um inquérito parlamentar, após ser acusado de não ter prescindido dos seus interesses em empresas de saneamento que garantiram importantes contratos públicos.
O artigo 97.º de Constituição prevê que uma moção de censura pode ser debatida 15 dias após a sua entrada no hemiciclo e com o apoio de pelo menos um terço dos deputados.
Mas para ser adotada, a moção deve obter a maioria absoluta de votos "num candidato de substituição durante o mesmo voto", mas se esta situação não se verificar "apenas poderá ser apresentada de novo dentro de seis meses".
Após a união sagrada em torno da pandemia, que permitiu ao país combater com sucesso o novo coronavírus, as tensões políticas voltaram a emergir num momento em que os tunisinos começam a ser atingidos pelo impacto económico e social das restrições sanitárias.
No sul do país, há várias semanas que decorrem manifestações para exigir empregos.
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