Na semana passada, a Turquia cancelou o estatuto da antiga basílica, um edifício do século VI transformado em museu, tendo-a convertido em mesquita e disse que a iria abrir para o culto muçulmano a partir de 24 de julho.

A decisão provocou críticas dos Estados Unidos, UE, Grécia e outros países ocidentes, assim como de líderes cristãos ortodoxos e o Papa Francisco, que expressou tristeza pela mudança.

Na segunda-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, realizando a primeira reunião presencial em meses, declararam uma "condenação clara" à decisão turca.

O Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, disse que havia um "amplo apoio para instar as autoridades turcas a reconsiderar e reverter urgentemente essa decisão".

Solicitado a comentar as críticas da UE, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, rejeitou "a palavra condenação", durante uma conferência de imprensa com o homólogo da Malta.

"Esta é uma questão que diz respeito aos direitos soberanos da Turquia", apontou, argumentando que havia várias mesquitas em Espanha que foram convertidas em igrejas.

Ainda hoje, a Grécia expressou novamente consternação pela decisão turca.

"Esta decisão é certamente dolorosa para nós como cristãos ortodoxos gregos, mas também nos magoa como cidadãos do mundo. Isto não é um assunto greco-turco, nem euro-turco, é global. É um assunto universal", afirmou o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.

O grego acrescentou que "com este revés, a Turquia está a escolher romper lanços com o mundo ocidental e os seus valores", alegando que os turcos estão a abandonar "uma direção cultural de muitos séculos, privilegiando a introversão" que "envolve com um manto artificial de força sobre as suas fraquezas".

Enquanto isso, oficiais da autoridade turca para assuntos religiosos dizem que a estrutura histórica pode permanecer aberta para visitantes fora do horário de oração, segundo a agência estatal Anadolu.

As representações cristãs no interior não são obstáculo às orações muçulmanas, segundo as autoridades que preparam o local para o culto muçulmano, acrescentando que, no entanto, as figuras precisam de ser cobertas com cortinas ou outros meios durante as orações, em linha com as tradições islâmicas que proíbem essas representações.

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