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Oposição da Guiné-Conacri rejeita alterações à Constituição

A oposição da Guiné-Conacri rejeitou hoje o resultado das alterações à Constituição, que permitem um novo mandato do atual Presidente, e alertou que os confrontos fizeram 66 mortos só em N'Zérékoré, no sul do país.

Oposição da Guiné-Conacri rejeita alterações à Constituição
Notícias ao Minuto

19:02 - 28/03/20 por Lusa

Mundo Guiné-Conacri

"Estes resultados não dizem respeito à Frente Nacional de Defesa da Constituição (FNDC), nem ao povo da Guiné", disse à AFP Ibrahima Diallo, um dos líderes desta coligação que lidera o protesto há meses, alertando para confrontos que fizeram 66 mortos só na cidade de N'Zérékoré, no sul.

Esta cidade tem sido palco de confrontos, ataques a igrejas e mesquitas e saques, e hoje a FNDC alertou que estava "horrorizado com a escala dos homicídios" e referiu-se a um "número provisório de 66 mortos", exigindo a criação de uma "comissão internacional de inquérito sob a égide das Nações Unidas".

Os manifestantes queimaram pneus e montaram barricadas no centro de Labé, a principal cidade do norte do país, após o anúncio dos resultados, de acordo com o relato feito pela agência de notícias francesa agência France-Presse (AFP).

Apesar dos 66 mortos relatados pela oposição, o governador da região de N'Zérékoré, Mohamed Ismaël Traoré, disse à AFP que havia "10 mortos e muitos feridos", sendo que várias fontes médicas, sociedade civil e autoridades locais tinham relatado anteriormente avaliações que variavam entre 15 a 23 mortes.

As condições da votação foram criticadas pelos Estados Unidos, pela França e pela diplomacia europeia, e também pela Rússia, segundo a AFP.

Ensino obrigatório até aos 16 anos, fixação da idade legal para contração de matrimónio nos 18 anos, proibição da mutilação genital e do trabalho escravo e infantil, garantia de direitos iguais às mulheres em caso de divórcio, atribuição às mulheres de, pelo menos, um terço dos lugares parlamentares, abolição da pena de morte e limitação de mandatos presidenciais a um máximo de dois períodos de seis anos são algumas das alterações agora aprovadas ao texto fundamental do país.

No entanto, a oposição e críticos do Presidente guineense, Alpha Condé, no segundo mandato presidencial, temem que a nova versão da Constituição possa oferecer ao chefe de Estado, de 82 anos, a possibilidade de recomeçar a contagem do número de mandatos presidenciais.

A possibilidade de um terceiro mandato presidencial de Condé tem provocado protestos nas ruas da Guiné-Conacri desde outubro, vitimando dezenas de pessoas.

Alpha Condé, um veterano da Internacional Socialista, chegou ao poder em 21 de dezembro de 2010, colocando um ponto final a um período de transição de dois anos e mais de cinco décadas de governos autoritários desde que o país obteve a sua independência de França em 1958.

Nesse ano venceu as eleições à segunda volta com 52,52% dos votos contra o ainda principal líder da oposição, Cellou Dalein Diallo - um economista que liderou o governo do país entre 2004 e 2006 -, presidente da União das Forças Democráticas da Guiné. Em outubro de 2015, Condé foi reeleito com 57,85% dos boletins escrutinados.

Segundo os mais recentes dados da CENI, há 5,3 milhões de eleitores recenseados.

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