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França abre investigação relacionada com assassínio de jornalista maltesa

A justiça francesa anunciou hoje a abertura de uma investigação relacionada com o assassínio da jornalista Daphne Caruana Galizia, ocorrido em Malta em 2017, para verificar as atividades económicas em França de um empresário maltês implicado no caso.

França abre investigação relacionada com assassínio de jornalista maltesa
Notícias ao Minuto

17:26 - 12/02/20 por Lusa

Mundo França

A decisão surge após a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e a família de Daphne Caruana Galizia terem apresentado, em 03 de dezembro de 2019, uma queixa-crime "junto da divisão financeira do Ministério Público e do procurador da República de Paris" por "cumplicidade em homicídio" e "corrupção" que visava, em particular, o empresário Yorgen Fenech, o ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro de Malta, Keith Schembri, e o ex-ministro do Turismo e da Energia, Konrad Mizzi.

As investigações em território francês, que estarão a cargo do Gabinete central para a luta contra a corrupção e os crimes financeiros e fiscais, "serão realizadas num espírito de estreita cooperação e complementaridade com o inquérito das autoridades judiciais maltesas" relacionado com o homicídio de Daphne Caruana Galizia, referiu a divisão financeira do Ministério Público, num comunicado.

A queixa-crime com data de 03 de dezembro tinha como fundamento os investimentos realizados em França por Yorgen Fenech, nomeadamente um hotel e uma estrebaria de cavalos de corrida.

Na queixa apresentada em França, a RSF e a família de Daphne Caruana Galizia diziam suspeitar que as receitas geradas pelos ativos detidos por Yorgen Fenech em território francês poderiam ter sido usadas para subornar o então chefe de gabinete (Keith Schembri) e o então ministro (Konrad Mizzi) malteses, com o propósito de obter um contrato público, um dos vários aspetos que estava a ser investigado pela jornalista assassinada aos 53 anos.

Os proponentes da queixa também argumentaram então que os investimentos em França do influente empresário poderiam ter sido usados para pagar "os autores do atentado com uma bomba que matou a jornalista" em 2017.

"Como os ativos em França de um dos prováveis patrocinadores poderão ter sido usados para pagar os autores deste crime hediondo, a justiça francesa deve investigar e contribuir para o estabelecimento da verdade sobre o assassínio", afirmou, em dezembro, o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire.

O caso da morte de Daphne Caruana Galizia desencadeou uma crise política em Malta, com demissões em série no Governo maltês, incluindo a do então primeiro-ministro, Joseph Muscat, acusado de intervir no processo para proteger o seu ex-chefe de gabinete Keith Schembri.

Daphne Caruana Galizia, que investigava casos de corrupção na elite política e empresarial de Malta, foi morta a 16 de outubro de 2017 com um engenho explosivo colocado no seu automóvel.

A jornalista investigava na altura políticos malteses, incluindo Joseph Muscat e a mulher, a partir de revelações dos "Papéis do Panamá", tendo nomeadamente escrito que o então ministro com a pasta da Energia, Konrad Mizzi, e o então chefe de gabinete do primeiro-ministro, Keith Schembri, teriam recebido cerca de dois milhões de euros de uma empresa do Dubai, a 17 Black, por serviços não precisados.

O grupo de investigação Daphne Project, que retomou as investigações da jornalista após a sua morte, descobriu que a 17 Black pertencia a Yorgen Fenech, tese corroborada pela justiça maltesa no âmbito de uma série de detenções por lavagem de dinheiro.

Em finais de novembro, os procuradores de Malta indiciaram Yorgen Fenech.

Fenech, que se declarou inocente, foi detido em novembro no Mediterrâneo a bordo do seu iate, quando aparentemente tentava abandonar Malta.

Após investigações realizadas em colaboração com a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) e a polícia federal norte-americana FBI, três homens considerados como autores materiais do crime estão a ser julgados e Jorge Fenech foi acusado de cumplicidade.

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