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Polícia impede pela primeira vez manifestações contra o regime da Argélia

O governo argelino ordenou hoje à polícia para impedir e reprimir as manifestações populares, numa alteração da estratégia desde que começou o movimento de contestação contra o regime militar que domina o país do Magrebe.

Polícia impede pela primeira vez manifestações contra o regime da Argélia
Notícias ao Minuto

14:54 - 08/10/19 por Lusa

Mundo Argélia

Dezenas de agentes de uniforme e à paisana deslocaram-se para a praça dos Mártires, no norte da capital, e prenderam de forma aleatória centenas de pessoas que se tinham concentrado pelas 10h00 locais (a mesma hora em Lisboa), para desfilar pela 33ª vez em direção ao centro como tem sucedido todas as terças-feiras e sextas-feiras, desde há oito meses, segundo constatou a agência noticiosa Efe no local.

A ação dos agentes provocou o pânico entre os jovens e as dezenas de outros cidadãos que todas as terças-feiras acompanham a manifestação estudantil e conseguiu dispersar a marcha, que pretendia alcançar o centro da capital através da famosa praça do Emir Abdelkader.

"Somos estudantes, o nosso símbolo é conhecido, somos pacíficos. Não vejo a necessidade de dispersarem a manifestação", declarou à Efe uma das participantes.

Centenas de agentes da polícia de intervenção também foram dispersos por outros pontos da capital, com o centro totalmente controlado pelas forças policiais, muitos à paisana.

Apesar das numerosas barreiras policiais, alguns grupos de manifestantes conseguiram avançar pelas ruas laterais sob a palavra de ordem "não haverá eleições enquanto se mantiveram os mafiosos", e outras frases habituais desde há oito meses, como "estado civil e não militar", "poder assassino" ou "Argélia livre e democrática". Foram anunciadas várias detenções de dirigentes do protesto estudantil.

Representantes da oposição agrupados nas Forças do pacto para a Alternativa Democrática denunciaram este novo passo do regime na repressão e asseguraram que pretendem prosseguir a contestação contra um governo que consideram ilegítimo, e pela libertação dos detidos.

Na segunda-feira, o general Lakhdar Bouregaa, veterano da guerra da independência na Argélia (1954-1962) e fundador do opositor Frente das Forças Socialistas (FFS), anunciou o início de uma greve de fome na prisão de Al Harrach, onde está detido desde há semanas para denunciar a situação dos presos de consciência.

Os protestos motivaram em abril a renúncia do presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, no poder desde 1999 e que se encontrava com graves limitações físicas desde 2013.

No âmbito da Constituição, foi substituído pelo presidente do Senado, Abdelkader Bensalah, mas a sua renúncia a um quinto mandato fez emergir o chefe de estado-maior das Forças Armadas, Ahmed Gaid Salah, como o atual "homem forte" do regime.

Desde estas alterações na cúpula do poder, dezenas de opositores e jornalistas foram detidos, para além vários políticos, homens de negócios e militares de alta patente também encarcerados.

Entre os detidos destacam-se Said Bouteflika, irmão do ex-presidente, o general Mohamad Mediane 'Toufik' e o seu sucessor na chefia dos serviços secretos, Athmane Tartag, e ainda Louisa Hanoune, antiga deputada e ex-líder de uma formação de esquerda.

Em meados de setembro, Gaid Salah pediu ao presidente interino para fixar a data das presidenciais, agendadas para 12 de dezembro.

O movimento de contestação ('Hirak'), a pressões militares, impediram a candidatura do ex-chefe de Estado a um quinto mandato, mas após a sua demissão o 'Hirak' pretende o desmantelamento do "sistema" e a formação de instituições de transição, que o atual poder recusa.

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