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CGT manifesta-se em Paris à espera de um entendimento intersindical

A CGT, segunda maior força sindical de França, apelou hoje à convergência para lutar contra a reforma das pensões anunciada pelo Governo, no dia em que trabalhadores dos transportes e caminhos de ferro, entre outros, se manifestaram em Paris.

CGT manifesta-se em Paris à espera de um entendimento intersindical
Notícias ao Minuto

17:23 - 24/09/19 por Lusa

Mundo Paris

"Nós somos mais fortes quando nos manifestamos em conjunto, acho que essa convergência vai ser encontrada em breve porque todos os sindicatos estão insatisfeitos e precisamos é de uma coordenação ao nível federal", disse Philippe Martinez, secretário geral da CGT, em declarações aos jornalistas esta tarde antes da manifestação partir da Praça Republique, em Paris.

Esta manifestação insere-se num mês de contestação em França face à reforma proposta pelo Governo que visa unificar os diferentes sistemas de pensões existentes atualmente no país.

Com protestos fragmentados entre diferentes profissões e sindicatos, Martinez afirmou que haverá uma intersindical para reunir os diferentes setores insatisfeitos com esta reforma proposta por Presidente Emmanuel Macron.

"Esta é uma reforma que diz respeito a todos e vamos ter uma intersindical brevemente", afirmou o líder sindical, admitindo que muitas empresas públicas ou privadas não são unitárias e é necessário um entendimento.

Para além de dia de manifestação da CGT, hoje foi também um dia escolhido pelos trabalhadores da SNCF, empresa francesa de caminhos de ferro, para uma greve nos principais eixos de comboios em todo o país.

"A política do Governo, que é de destruir as nossas conquistas sociais, necessita de uma convergência de lutas e o conjunto das organizações sindicatos desejam uma ação comum forte, que faça o Governo rever esta reforma", disse, em declarações à Agência Lusa, Patrick Belhadj, secretário-geral da CGT para os caminhos de ferro na zona de Paris, que não exclui a possibilidade de uma greve geral.

A greve da SNCF de hoje teve impacto em cerca de 25% dos comboios que circularam em todo o país, uma boa indicação do compromisso dos trabalhadores deste segundo sublinhou Patrick Belhadj.

Já a RATP, empresa de transportes públicos da região de Paris, conseguiu uma paralisação quase total do seu setor no último dia 13 de setembro e pretende avançar com uma greve ilimitada a partir de 5 de dezembro, mas a CGT RATP, quer procurar unir os trabalhadores antes de avançar com medidas mais duras.

"A ideia de começar com uma greve ilimitada a partir de 5 de dezembro é muito forte, mas temos de ter atenção com esta ação porque o Governo vai tentar dividir-nos [...]. Vão propor-nos medidas específicas para mantermos algumas das nossas conquistas e tentar dar a entender que continuamos a ser privilegiados", disse Olivier Davoise, secretário-geral da CGT-RATP Bus, em declarações à Agência Lusa.

Uma paralisação ilimitada da RATP não acontece desde 1995 e as consequências na capital podem ser significativas. "Se os trabalhadores da RATP se voltarem a organização para uma ação ilimitada onde não haja autocarros, metro ou comboios, como Paris e os seus arredores são o primeiro produtor de riqueza entre as cidades europeias, é fácil imaginar as consequências", concluiu Davoise.

Segundo a CGT, uma das principais motivações para a criação de um regime único de pensões em França com um sistema de pontos indexados ao crescimento da economia do país e outros fatores é levar os trabalhadores a aderir a formas suplementares de rendimentos após a vida ativa, como os fundos de pensões privados - um tema que mereceu a atenção de muitos cartazes nesta manifestação.

A aposta do Governo de Emmanuel Macron nesta reforma é forte, com o executivo a ter integrado Jean-Paul Delevoye, que escreveu a proposta para o sistema unificado, como Alto Comissário para a reforma das pensões, tendo mesmo direito a um secretário de Estado que trabalha sob a sua alçada.

Até ao final do ano a proposta do Governo está aberta a um debate alargado, com o próprio Presidente Emmanuel Macron a dizer que é possível a introdução de alterações e ajustes e deverá ser votada em julho de 2020, depois das eleições municipais que vão acontecer em março do próximo ano.

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