ONU revela segunda tentativa para repatriar rohingya para Myanmar
Myanmar e Bangladesh estão a fazer uma segunda tentativa para iniciar o repatriamento dos rohingya após mais de 700.000 terem fugido da antiga Birmânia há perto de dois anos, disseram hoje fontes de Daca e da ONU.
© Reuters
Mundo Birmânia
Caroline Gluck, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), disse à agência Associated Press que o Governo do Bangladesh pediu a ajuda da ONU para verificar as 3.450 pessoas que se inscreveram para o repatriamento voluntário.
Adiantou que a lista foi "limpa" de 22.000 nomes que o Bangladesh enviou para Myanmar para verificação.
O Comissário para os Refugiados, Assistência e Repatriamento do Bangladesh, Abul Kalam, referiu que as identidades dos refugiados foram confirmadas por Myanmar e que agora eles podiam regressar se quisessem.
Falando na capital do Bangladesh, Daca, Kalam disse que o Governo ordenou a responsáveis locais no distrito de Cox Bazar para localizarem as pessoas da lista nos quatro campos de refugiados na zona, insistindo que o repatriamento só aconteceria se elas quisessem regressar voluntariamente.
O Bangladesh está pronto para dar apoio a qualquer refugiado que queira regressar, mas não usará a força para que volte a casa, adiantou.
Líderes da comunidade de refugiados muçulmanos rohingya nos campos disseram não ter sido consultados sobre o assunto e que desconheciam quaisquer planos para um regresso iminente.
Os militares birmaneses lançaram em agosto de 2017 uma campanha de contra-insurgência em resposta a um ataque de um grupo rebelde rohingya, que levou a um êxodo da etnia para o Bangladesh e a acusações de violações em massa, de assassínios e de milhares de casas queimadas pelas forças de segurança.
Uma missão de investigação independente promovida pela ONU recomendou a acusação dos principais comandantes militares birmaneses por genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade. Myanmar rejeitou o relatório.
Em julho, responsáveis birmaneses deslocaram-se novamente a campos no vizinho Bangladesh para falar com os refugiados sobre os seus planos para o seu regresso, mas até agora a maioria dos refugiados parece desconfiar das promessas e acredita que é muito perigoso voltar.
Segundo Caroline Gluck, não é claro quando o repatriamento poderá começar e ainda há a possibilidade de ficar parado como aconteceu o ano passado.
Os rohingya muçulmanos são há muito tratados como estrangeiros em Myanmar, de maioria budista, embora as suas famílias vivam no país há gerações. Foi-lhes negada a nacionalidade, assim como a liberdade de movimentos e outros direitos básicos.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) indicou hoje que 25.000 rohingya menores de 14 anos não têm acesso à educação nos campos de refugiados do Bangladesh, pedindo mais fundos para os 640 novos centros necessários para resolver o problema.
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