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Eurocéticos acusam demais grupos de desrespeito pelo método de Hondt

Os grupos dos Conservadores e Reformistas e o Identidade e Democracia (ID) criticaram hoje o desrespeito pelo método de Hondt na escolha dos cargos de responsabilidade no Parlamento Europeu (PE), acusando os demais grupos de discriminação.

Eurocéticos acusam demais grupos de desrespeito pelo método de Hondt
Notícias ao Minuto

13:06 - 12/07/19 por Lusa

Mundo Parlamento Europeu

"Gostava de mencionar a insatisfação do meu grupo quanto à distribuição de postos de responsabilidade no PE", disse o porta-voz do ID, referindo-se à eleição dos vice-presidentes na sessão plenária da semana passada.

"Segundo o método de Hondt, que visa assegurar uma distribuição justa e proporcional desses cargos na assembleia, teríamos direito a dois vice-presidentes. No entanto, nenhum dos nossos candidatos foi eleito. Vemos que a maioria dos grupos neste PE não respeita o método de Hondt", acusou Philip Claeys, durante o 'briefing' que antecede a sessão plenária da próxima semana em Estrasburgo (França).

O porta-voz vincou que o seu grupo, que integra partidos de extrema-direita, nomeadamente a Liga de Matteo Salvini e a União Nacional de Marine Le Pen, é o único a não ter assento no 'Bureau' da instituição, o órgão diretivo regulamentar que tem por incumbência elaborar o anteprojeto de previsão das receitas e despesas do PE e decidir sobre todas as questões administrativas, de pessoal e de organização.

"O nosso grupo não tem pleno acesso à informação como os outros grupos têm, o que é uma discriminação. Podemos questionar a legitimidade democrática do 'Bureau' uma vez que nós representamos 21 milhões de votantes na União Europeia", disse o eurodeputado do partido de extrema-direita belga Vlaams Belang.

Philip Claeys lembrou que, além do veto aos candidatos do ID à vice-presidência da assembleia europeia, os demais grupos políticos voltaram esta semana a desrespeitar a proporcionalidade na eleição das lideranças das Comissões parlamentares.

"Segundo o método de Hondt, teríamos direito a duas presidências e nove vice-presidências, e, no entanto, nenhum dos nossos candidatos foi eleito. Assistimos mesmo a coisas muito estranhas a acontecer em algumas Comissões", denunciou, defendendo que o 'cordão sanitário' imposto por outros grupos políticos ao ID é "um procedimento estranho, sobretudo num PE que devia ser a representação democrática dos eleitores nos Estados-membros".

O novo grupo de extrema-direita pretendia, entre outras, a presidência das comissões da Agricultura e dos Assuntos Jurídicos, todavia o Partido Popular Europeu (PPE), os Socialistas & Democratas (S&D), os liberais do Renovar a Europa (RE) e os Verdes cerraram fileiras e impediram que a francesa Maxette Pirbakas (União Nacional) obtivesse os votos necessários para assumir a comissão de Agricultura, e que o francês Gilles Lebreton (União Nacional) presidisse à de Assuntos Jurídicos.

O descontentamento do ID não é, contudo, caso único, já que a mesma mensagem foi transmitida por Gareth Goldsmith, dos Conservadores e Reformistas, que assumiu que o seu grupo continua "desapontado" pelo desrespeito pelo método habitualmente seguido na distribuição de postos de responsabilidade no hemiciclo.

"Esta semana tínhamos como candidata a presidir a uma Comissão uma antiga primeira-ministra da Polónia, que teve a maior percentagem de votos na história das eleições na Polónia, e ela foi rejeitada por um grupo de eurodeputados naquela Comissão", sustentou, referindo-se a Beata Szydlo, eurodeputada do partido eurocético polaco Lei e Justiça (PiS), cuja candidatura para liderar a Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais foi 'bloqueada'.

O porta-voz dos Conservadores e Reformistas frisou que é importante que o sistema seguido até agora pela assembleia europeia seja respeitado.

"Também não gostamos necessariamente dos candidatos dos outros grupos, mas respeitamos este método. Se pararmos de respeitá-lo e ignorarmos este sistema, tudo desabará", alertou.

Devido ao 'cordão sanitário' criado pelas principais forças políticas para evitar lideranças da extrema-direita e de partidos eurocéticos, os dois grupos, que têm em conjunto 135 eurodeputados, referiram hoje não estar inclinados a votar favoravelmente na alemã Ursula Von der Leyen, a candidata indigitada pelo Conselho Europeu para presidir à Comissão Europeia, na eleição que decorre na terça-feira em Estrasburgo.

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