Há venezuelanos obrigados a comer carne estragada para sobreviver
Os habitantes de Maracaibo estão a arriscar a vida para se poderem alimentar.
© Reuters
Mundo Maracaibo
Durante a pior situação económica da história da Venezuela, há uma cidade do país, Maracaibo, onde os habitantes estão a consumir deliberadamente carne estragada.
Com os sucessivos cortes de eletricidade, que não lhes permite conservar os alimentos no frigorífico, bem como com a escalada de preços, os venezuelanos estão a fazer filas para comprar carne estragada vendida a preço de saldo e a arriscar a vida para conseguirem a proteína de que necessitam.
"Cheira um bocado mal, mas limpa-se com vinagre e limão", explicou Yeudis Luna, o pai de três filhos pequenos, à Associated Press, acrescentando que "tinha medo que ficassem doentes porque são pequenos", mas que "só o mais pequeno ficou com diarreia e vómitos".
O problema de cortes elétricos, que já dura há nove meses, deixou os frigoríficos sem uso e fez com que pelo menos quatro talhantes começassem a vender a carne estragada no mercado da cidade. Alguns compram-na para alimentar os cães, outros as famílias.
Yeudis levou consigo quase um quilo de carne estragada para casa, contando à AP, pelo caminho, que a mulher o deixou a ele e aos seus três filhos para ir para a Colômbia, por não aguentar a fome.
O processo para tentar tornar o sabor da carne melhor é simples, explicou. Lava-a com água e deixa-a de molho em vinagre durante a noite antes de lhe espremer limões por cima, depois cozinha-a com tomate e uma cebola antes de a servir aos filhos.
"Claro que eles comem a carne, graças ao [presidente Nicolás] Maduro", disse um dos talhantes, com tom acusatório. "A comida dos pobres é comida podre", lamentou.
Maracaibo tem 1,5 milhões de pessoas e foi, em tempos, uma cidade limpa e cheia de restaurantes internacionais. Como cidade portuária, era o local de onde era exportada metade da produção de petróleo da Venezuela, mas agora, como o resto do país, caiu em ruína.
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