A perda de mandato de Venâncio Mondlane foi deliberada na quarta-feira, em reunião da Assembleia Municipal, que argumentou que o político não participou na tomada de posse e nunca compareceu às sessões do órgão.
"Perder mandato por estar numa assembleia fraudulenta é até meritório. Quem me dera a mim perder mil vezes mandatos deste tipo de órgãos fraudulentos da máfia. Não tenho medo nenhum e nada a comentar por não fazer parte de um órgão que é produto do roubo da vontade popular", declarou Venâncio Mondlane, citado hoje pela comunicação social.
No total, fazem parte da assembleia municipal da capital moçambicana 71, dos quais 37 são da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), 30 da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e quatro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Venâncio Mondlane, engenheiro florestal e deputado no parlamento, tem 49 anos e foi cabeça de lista da Renamo nas eleições autárquicas de 11 de outubro, um escrutínio no qual o político reivindica vitória, embora Razaque Manhique, do partido no poder, (a Frelimo), tenha sido declarado vencedor.
Nas últimas eleições autárquicas, Mondlane tentou, uma vez mais, "resgatar Maputo", como avançava no seu slogan, após ter sido derrotado no escrutínio de 2018 com 36,43% dos votos, contra 56,95% do candidato da Frelimo, na altura o veterano Eneas Comiche.
Após o anúncio dos resultados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), Mondlane conduziu mais de 50 marchas de contestação, com registo de alguns episódios que culminaram em confrontos entre os simpatizantes da Renamo e as forças policiais, tendo algumas pessoas chegado a ser detidas e outras feridas.
A Frelimo, partido no poder, governa agora em 60 das 65 autarquias, na sequência dos resultados do escrutínio de outubro, fortemente contestados pela oposição e pela sociedade civil.
A Renamo reclama vitória nas maiores cidades do país, incluindo Maputo, com base na contagem paralela através das atas e editais originais, mas foi declarada vencedora em apenas quatro municípios, metade dos que tinha anteriormente, enquanto o MDM, terceira força política parlamentar, manteve o município da Beira.
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