Há 50 anos o papel do homem na estrutura familiar, no casamento e na criação dos filhos, era bastante claro: ía trabalhar, trazia um cheque para casa; e era o elemento disciplinador do lar.

Todavia, em 2018 a função do pai é muito mais fluída e complexa.

E apesar de todos os pais expectantes saberem à partida que a sua vida vai mudar dramaticamente com a paternidade, o que provavelmente não sabem é o seu corpo também será afetado.

Tal como o corpo das mulheres sofre alterações e os índices hormonais modificam o organismo, a comunidade médica entende agora que as mesmas transformações acontecem nos homens.

De facto, tratam-se de mudanças tão significativas como por exemplo as que tiveram lugar na chegada da puberdade.

A médica Anna Machin, antropóloga evolucionária na Universidade de Oxford, no Reino Unido, passou 10 anos a estudar pais recentes e assim adquiriu uma perspetiva e noção única no que significa ser uma figura paterna nos tempos que correm.

“Quando um homem se torna pai os seus níveis de testosterona baixam, e jamais voltam aquilo que eram”, disse em declarações à publicação Daily Mirror.

“Mas não entre em pânico, porque isto é perfeitamente normal e quanto mais baixa é a sua testosterona melhor pai será. Já que tal o torna mais empático e atento para com as necessidades dos filhos”, referiu.

“Mais ainda, enquanto que os índices de testosterona baixam, os níveis de oxitocina e de dopamina sobem, o que significa que há por sua vez uma exponenciação das hormonas responsáveis pela sensação de recompensa. Ou seja, o pai vai sentir-se altamente recompensado ao interagir com o filho”, acrescentou Machin.

A especialista salienta que a estrutura do cérebro masculino também sofre alterações. “Tal como acontece nas mulheres, os homens experienciam um aumento da matéria cinzenta e branca na base do cérebro, onde se localizam as emoções, tornando-os assim mais eficientes, empáticos e carinhosos”, disse.

E finalizou: “Existe esta ideia de que as mães têm um instinto inato e de que os homens não. Contudo as mães e os pais começam no mesmo ponto de partida”.