O governo norte-americano revelou, esta sexta-feira, que Israel poderá ter violado as obrigações do Direito Internacional Humanitário com recurso a armas fornecidas por aquele país, no âmbito do conflito contra o Hamas.
Segundo um relatório apresentado ao Congresso norte-americano, o Departamento de Estado considerou ser possível deduzir que as armas fornecidas a Israel foram utilizadas de forma "inconsistente" à luz da lei internacional, noticiou a BBC.
O documento, que foi solicitado pela administração de Joe Biden, reconheceu, contudo, que Israel está a enfrentar um "desafio militar extraordinário", não tendo deixado claro se as operações das Forças de Defesa de Israel (IDF) violaram as obrigações do direito internacional.
Isto porque, de acordo com a BBC, o relatório apontou que as garantias de Israel quanto ao uso legal de armas norte-americanas eram "credíveis e confiáveis", ditando que o seu fornecimento poderia continuar.
Admitiu também que o governo não dispõe de todas as informações para chegar a uma conclusão, já que o Hamas "usa infraestruturas civis para fins militares e civis como escudos humanos", o que torna "difícil determinar os factos no terreno de uma zona de guerra ativa".
No entanto, e tendo em conta a dependência de Israel no que diz respeito a armas norte-americanas, o relatório equacionou que o equipamento foi provavelmente utilizado em situações "inconsistentes com as suas obrigações do Direito Internacional Humanitário ou com as melhores práticas estabelecidas para mitigar danos civis".
"Israel tem o conhecimento, a experiência e as ferramentas para implementar as melhores práticas para mitigar os danos civis nas suas operações militares, [mas] os resultados no terreno, incluindo o elevado número de vítimas civis, levantam questões substanciais sobre se as IDF estão a usar o [equipamento] de forma eficaz em todos os casos", apontou.
O governo considerou ainda que, apesar de Israel não ter cooperado totalmente com os esforços de fornecimento de ajuda humanitária a Gaza nos primeiros meses após o escalar do conflito, não está, atualmente, a restringir ou a proibir o transporte de ajuda.
O documento foi revelado depois de o presidente Joe Biden ter ameaçado cessar o fornecimento de armas a Israel caso aquele Estado avançasse contra Rafah, o último reduto do Hamas em Gaza, onde estão abrigados milhares de palestinianos.
[Notícia atualizada às 23h10]
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