O Índice de Preços no Consumidor (IPC) de julho do INE indica que Moçambique "registou uma queda de preços na ordem de 0,22%" face a junho, voltando a destacar-se o setor da alimentação e bebidas não alcoólicas, e dos transportes, ao contribuírem no total da variação mensal com 0,21 e 0,11 pontos percentuais negativos, respetivamente.
"Desagregando a variação mensal por produto, é de destacar a queda dos preços do tomate (8,7%), do gasóleo (4,8%), da gasolina (1,5%), da couve (6,4%), do repolho (15,9%), da cebola (4,7%) e da alface (10,2%). Estes contribuíram no total da variação mensal com cerca de 0,33 pontos percentuais negativos", lê-se.
Trata-se da oitava deflação nos preços em Moçambique em menos de um ano e meio, depois de o IPC ter registado uma queda de preços de 0,11% em agosto, de 0,05% em julho, de 0,21% em junho e de 0,38% em maio, de 2024, além de 0,38% em abril, 0,36% em maio e 0,7% em junho deste ano, repetida no mês passado (0,22%).
O INE refere igualmente que, quando comparado com 2024, o IPC indica uma subida de preços homóloga em julho de 3,96% (4,15% em junho), influenciada sobretudo pelas divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas, bem como da de restaurantes, hotéis, cafés e similares, que aumentaram num ano 8,99% e 8,91%, respetivamente.
A inflação acumulada de 2024, segundo dados anteriores do INE, fixou-se nos 4,15%, que compara com os 5,3% de 2023, mas abaixo do pico de quase 13% atingido em julho de 2022.
O Governo prevê que Moçambique feche 2025 com uma inflação em torno de 7%.
O Banco de Moçambique estima que a inflação anual vai continuar a desacelerar nos próximos meses, refletindo a recente decisão de isentar de IVA alguns produtos básicos e reduzir em até 60% as tarifas de portagens.
"No curto prazo, prevê-se a manutenção da tendência para desaceleração da inflação anual, a refletir o impacto da isenção do IVA nos produtos básicos (açúcar, óleo alimentar e sabão), o ajustamento em baixa das tarifas de água e portagens e a queda dos preços de alimentos no mercado internacional, num contexto de estabilidade do metical", lê-se no relatório de Conjuntura Económica e Perspetivas de Inflação, noticiado em maio pela Lusa.
No documento, aponta-se ainda que o habitual inquérito aos agentes económicos "corrobora as perspetivas de desaceleração da inflação anual", já que as expetativas macroeconómicas dos agentes económicos reveladas no estudo de maio "apontam para uma inflação anual de 4,90% em dezembro de 2025, o que representa uma revisão em baixa de 3 pontos base face às expetativas divulgadas no inquérito de abril".
"Contudo, persistem riscos e incertezas consideráveis, de natureza sobretudo interna, que impõem desafios à manutenção deste cenário, com destaque para os impactos do crescente agravamento da situação fiscal, a incerteza quanto à velocidade de recuperação da capacidade produtiva e de oferta de bens e serviços, assim como os efeitos dos choques climáticos", acrescenta-se no relatório.
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