Há muitas famílias que enfrentam dificuldades no acesso regular a bens alimentares essenciais, revelou a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) ao Notícias ao Minuto, numa altura em que as receitas dos principais grupos de supermercados bateram máximos históricos no primeiro semestre do ano.
"Existe um número significativo de famílias portuguesas que enfrenta dificuldades para garantir o acesso regular a bens alimentares essenciais. Esta realidade sublinha a importância de políticas públicas e estratégias que promovam a proteção do poder de compra e o acesso equitativo a bens básicos, bem como medidas de apoio às famílias com maiores dificuldades financeiras para evitar a exclusão social e financeira", considera a DECO.
Aliás, o "aumento do custo de vida, particularmente nos preços dos bens alimentares, tem sido um dos principais motivos que leva as famílias a procurar apoio junto da DECO".
"Este fenómeno não afeta apenas os agregados familiares de baixos rendimentos, mas também muitas famílias de classe média, que sentem uma crescente pressão sobre o seu orçamento mensal", aponta a Associação de Defesa do Consumidor.
Vendas dos dois maiores supermercados batem recorde: cinco milhões por hora
As receitas da Sonae e Jerónimo Martins, donas do Continente e do Pingo Doce, bateram máximos históricos no primeiro semestre do ano, noticiou, no fim de semana, o jornal Expresso.
O mesmo jornal contou que nunca o seu peso no volume de negócios na Bolsa de Lisboa tinha sido tão grande, sendo que juntas totalizaram receitas equivalentes a 124 milhões de euros por dia ou cinco milhões por hora.
O Expresso lembrou ainda que, em Portugal, o consumo tem sido o grande motor da economia, ao mesmo tempo que os níveis de poupança estão em máximos, sendo que o aumento do salário mínimo e medidas como a redução das taxas do IRS, por exemplo, podem continuar a alimentar esta tendência.
Por isso, os supermercados deverão continuar a acenar com campanhas promocionais para atrair mais clientes, num setor onde a concorrência é grande.
Há mais famílias a pedir ajuda. Casa e alimentação 'pesam' na carteira
Os dados da DECO, cedidos ao Notícias ao Minuto, mostram que no primeiro semestre de 2025 "recebeu mais de 15.000 pedidos de ajuda de famílias em situação de sobre-endividamento, um valor ligeiramente superior ao registado no mesmo período de 2024, mantendo-se, contudo, em níveis muito elevados".
"Grande parte destas situações está associada a dificuldades em suportar despesas essenciais, nomeadamente habitação e alimentação. Muitas famílias, mesmo com rendimentos provenientes de trabalho a tempo inteiro, chegam ao final do mês sem capacidade para cobrir estas necessidades básicas", explica a Associação de Defesa do Consumidor.
Por isso, "para fazer face a estas despesas, recorrem frequentemente a empréstimos pessoais ou à utilização excessiva de cartões de crédito, o que contribui para o agravamento do seu endividamento".
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