"Nem o próprio fabricante da aeronave sabia bem que peças seriam necessárias. Depois, nós temos uma outra condição que encontramos nas duas frotas, que é o facto de operarmos muito num ambiente salino e encontramos muita corrosão quando se fazem as revisões das aeronaves", explicou Rui Coutinho, na Comissão de Economia da Assembleia Regional, reunida em Ponta Delgada.
Rui Coutinho respondia assim aos deputados da bancada parlamentar do Chega, que solicitaram a presença do CEO da SATA na Comissão de Economia, para explicar por que razão há aviões parados, à espera de peças, e voos constantemente atrasados, que estão a causar problemas aos açorianos e a complicar a vida aos empresários.
"Nós estamos a sofrer dos mesmos problemas que as grandes companhias aéreas sentem", garantiu o presidente da SATA, referindo-se a atrasos na entrega de motores e de várias outras peças, por parte de fornecedores e fabricantes, dando como exemplo um avião da Sata Air Açores que está "parado, há mais de nove meses, em manutenção".
Durante a audição parlamentar, Rui Coutinho lamentou também que os novos A320 e A321 NEO sejam mais exigentes, em termos de manutenção, que os antigos aparelhos da companhia, situação que provoca um aumento das despesas da empresa.
"O 320 e o 321, tudo o que é NEO, tem sido um flop, por causa da motorização", lamentou o administrador do Grupo SATA, adiantando que os motores, que antigamente eram recuperados ao fim de 20 anos, têm de sofrer manutenções ao fim de, apenas, sete anos.
Apesar disso, segundo os números da própria SATA, houve menos cancelamentos e atrasos nos primeiros meses deste ano, do que no mesmo período do ano passado, e a expectativa é de que o verão IATA seja menos problemático do que o que aconteceu em 2024.
"Este verão vai ser bom, por que já temos um reforço de uma aeronave. O ano passado, tivemos um dia em que estiveram a operar apenas três aeronaves", recordou Rui Coutinho, acrescentando que durante este mês de junho, a companhia operou, em média, com sete aeronaves, e a partir de julho haverá "oito aeronaves disponíveis".
O CEO da SATA falou também da atualização de preços do handling da SATA, estrutura que, segundo explicou, apresentou cerca de um milhão de euros de prejuízos em 2024, devido à não atualização do tarifário, que não foi alterado desde o ano 2000, alegadamente por "ingerência" de anteriores governos regionais.
"A SATA, durante muitos anos, serviu de barriga de aluguer para o tecido económico e empresarial dos Açores, e não pode ser!", advertiu o administrador da companhia aérea açoriana, adiantando que "se for para isso, que haja uma compensação ou uma obrigação de serviço público".
O presidente da SATA criticou também a sucessiva interferência dos partidos políticos na vida da transportadora regional, que considera ser alvo de críticas, de acusações e de um escrutínio apertado, e lembrou que "quem não atrapalha, já dá uma ajuda".
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