Vitória do "sim" poderá custar 80 mil empregos
As repercussões económicas de um "sim" dos suíços para limitar a imigração são ainda difíceis de avaliar, mas os economistas do Credit Suisse admitem que a medida cria incerteza nas empresas e poderá custar 80 mil postos de trabalho.
© Reuters
Economia Credit Suisse
Numa nota hoje divulgada, citada pela agência francesa AFP, os economistas do grupo financeiro suíço referem que, num futuro imediato, é ainda difícil estabelecer uma avaliação precisa, uma vez que as consequências irão depender da reação da União Europeia (UE), das negociações que serão conduzidas pelo Governo suíço para expandir as suas relações bilaterais e das quotas a estabelecer.
"O que é claro, porém, é que a aprovação desta iniciativa irá aumentar a incerteza económica na Suíça com efeito imediato", consideraram os especialistas.
No domingo, 50,3 por cento dos suíços aprovaram em referendo a iniciativa proposta pela União Democrática do Centro (UDC), que também restabelece o princípio da preferência pelo trabalhador nacional face ao estrangeiro, que se encontrava abolida para todos os trabalhadores oriundos de algum dos países da UE.
A partir de agora, o número de autorizações emitidas para uma estada de estrangeiros na Suíça é limitado por quotas anuais, com limitações ao reagrupamento familiar, novas regras para benefícios sociais, autorizações de residência.
A iniciativa agora aprovada prevê a revisão nos próximos três anos dos tratados internacionais contrários a estas disposições, uma decisão que afeta, entre outros países, as relações com a União Europeia.
"Na nossa opinião, não existe praticamente qualquer dúvida de que as empresas suíças e estrangeiras que estavam a ponderar investimentos [adicionais] na Suíça irão, tendencialmente, atrasar decisões, tanto sobre investimento como de contratações adicionais", acrescentou a mesma nota informativa.
Apesar de não esperarem um declínio da atividade económica, os economistas do Credit Suisse preveem que esta desaceleração do investimento poderá reduzir a produção económica em 1,2 mil milhões de dólares, cerca de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), durante os três anos precedentes à introdução de quotas.
O Credit Suisse estima um crescimento de 2% em 2014 para a economia suíça.
De acordo com os especialistas, os efeitos podem ser marcantes ao nível do emprego, uma vez que a incerteza leva as empresas a adiarem possíveis contratações.
"Prevemos que menos 80 mil postos de trabalho serão criados durante este período de três anos", quantificaram os economistas.
Numa análise a longo prazo, os riscos para a produtividade e o crescimento económico devem, em princípio, reduzir as pressões sobre o franco suíço, concluíram os especialistas.
Na Suíça residem, aproximadamente, 250 mil portugueses em situação legal.
No país, com mais de oito milhões de habitantes, vivem cerca de 1,88 milhões de estrangeiros, dos quais 1,25 milhões originários do espaço comunitário, mas também da Islândia, Liechtenstein e Noruega.
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