BNDES não encontra irregularidades após auditoria milionária
O Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), instituição financeira de fomento do Governo brasileiro, gastou 48 milhões de reais (10 milhões de euros) com uma auditoria interna, mas não encontrou evidências diretas de corrupção.
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Economia Brasil
A informação faz parte do relatório final da auditoria do BNDES, datado de dezembro último e divulgado na segunda-feira pela imprensa brasileira, e que visava investigar operações entre o banco e as empresas JBS, Bertin e Eldorado Brasil Celulose, entre os anos de 2005 a 2018.
Contudo, o relatório não apontou nenhuma irregularidade ou evidência direta de corrupção nas operações realizadas entre o BNDES e as companhias mencionadas.
"Os documentos da época e as entrevistas realizadas não indicaram que as operações tenham sido motivadas por influência indevida sobre o banco, nem por corrupção ou pressão para conceder tratamento preferencial à JBS, à Bertin e à Eldorado", diz o documento.
O relatório completo da auditoria foi entregue às autoridades brasileiras e não foi tornado público na íntegra, apenas um resumo do mesmo.
"Com o compartilhamento do resultado dessa investigação com a Procuradoria-Geral da República e a sociedade, o BNDES mantém firme o seu propósito contínuo de transparência, abrindo os seus dados e se aproximando cada vez mais da sociedade", disse o BNDES em comunicado.
Ao longo da sua campanha eleitoral para as presidenciais de 2018, Jair Bolsonaro frisou inúmeras vezes o desejo de abrir a "caixa preta" do BNDES, devido a operações controversas do banco levadas a cabo pelos Governos do Partido dos Trabalhadores (PT), em 13 anos no poder.
Bolsonaro exigia transparência por parte da instituição financeira e entregou essa missão ao novo presidente do BNDES, o economista Gustavo Montezano, que subsitituiu Joaquim Levy no cargo, por este não ter cumprido a exigência do chefe de Estado, de demitir o executivo Marcos Barbosa Pinto, que havia ocupado cargos de destaque em Governos do PT.
"Hoje, entendemos que não há mais nenhum evento que requeira esclarecimento. A sociedade está com informação de qualidade, substancial", afirmou Montezano, em dezembro último, citado pela imprensa local.
Segundo o jornal brasileiro Estadão, os 48 milhões de reais da auditoria foram pagos a um escritório internacional, o 'Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP', que subcontratou um outro brasileiro, o 'Levy & Salomão'.
Em comunicado, o PT declarou que a "tentativa do Governo Bolsonaro de criminalizar o Partido dos Trabalhadores", a partir das operações financeiras realizadas pelo BNDES, "caiu por terra".
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta, indicou, na rede social Twitter, que há mais de 10 anos circulam mentiras sobre o BNDES envolvendo Lula da silva e Dilma Rousseff, ex-mandatários.
"Agora uma auditoria externa confirma o que sempre dissemos: nunca houve caixa-preta e nunca o BNDES foi tão lucrativo quanto nos Governos do PT. Mas a essa altura a mentira deu cinco voltas ao redor do mundo", escreveu o deputado.
Também a presidente Nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, se manifestou sobre o resultado da auditoria, afirmando que tudo se tratou de uma "tentativa de incriminar" o partido.
"Tentaram incriminar Lula, Dilma, lideranças do PT e gestores do banco. Quem paga por isso? Como reaver a reputação das pessoas? Era uma ação política de acusações orquestradas! Vocês têm de responder por isso. E agora Bolsonaro? E agora Lava Jato, Moro [atual ministro da Justiça]?", questionou Gleisi Hoffmann.
O BNDES é um banco público que foi fundado em 1952 e tem como objetivo realizar financiamentos de longo prazo e investimentos em todos os segmentos da economia brasileira.
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