Meteorologia

  • 30 ABRIL 2024
Tempo
16º
MIN 12º MÁX 19º

Investimentos de impacto vão ser "modo do capitalismo se tentar salvar"

Os investimentos deverão mobilizar cada vez mais capital para projetos com objetivos ambientais e sociais, sendo os designados investimentos de impacto um "modo do capitalismo se tentar salvar", consideraram hoje especialistas numa conferência organizada pela PLMJ.

Investimentos de impacto vão ser "modo do capitalismo se tentar salvar"
Notícias ao Minuto

16:52 - 23/10/19 por Lusa

Economia Especialistas

André Figueiredo, sócio coordenador da área de mercado de capitais da sociedade de advogados PLMJ, considera que o investimento de impacto "não é uma moda ou agenda política, mas uma alteração profunda do modo como o sistema financeiro está organizado em que cada vez mais a mobilização de capital é feita não apenas com preocupações de retorno, mas com preocupações de impacto", sendo um "fenómeno 'darwinista' por dentro para o capitalismo se tentar salvar".

O advogado deu exemplo das 'green bonds', emissão de obrigações para financiar projetos na área ambiental (como investimento em energias renováveis), ou 'sustainability linked bonds', empréstimos bancários tradicionais, mas em que a taxa de juro é reduzida se forem cumpridos objetivos determinados de impacto social e/ou ambiental.

Este mercado, a nível mundial, representava há dois anos 5.000 milhões de euros e este ano quase 100.000 milhões de euros, disse.

Duarte Braga, sócio sénior da McKinsey, considerou que quando até o Financial Times fala de "capitalismo responsável não é por acaso" e que, cada vez mais, "a criação de valor para o acionista tem de ser mais completa", não se basear apenas no valor da cotação da ação da empresa no dia, mas no impacto da empresa e que os bancos têm capacidade de avaliar esses impactos quando avaliam financiamento.

O professor da Universidade Católica Filipe Santos considerou, por seu lado, que são necessários estes investimentos face à falta de coesão nas sociedades, com as desigualdades a promoverem os populismos, e afirmou que há cada vez mais interesse pelo empreendedorismo social, referindo a popularidade das suas aulas.

Afirmou ainda que perante a existência no mundo de "muito mais capital hoje em dia do que as aplicações produtivas para esse capital" crescerá a mobilização de dinheiro para projetos de inovação social.

Questionado pela Lusa se o investimento de impacto é feito sobretudo na parte ambiental, mais do que na social, André Figueiredo considerou que começa a haver instrumentos financeiros nesse âmbito em áreas como educação ou habitação a preços acessíveis, mas que "não se pode esperar que esta transformação se dê de forma revolucionária".

"Vai ser uma evolução incremental, ano após ano vai-se sentir diferença", acrescentou André Figeuiredo, admitindo que em Portugal este mercado ainda é muito pequeno, apenas com "exemplos ténues".

Presente na conferência esteve também a presidente executiva do Banco Montepio, Dulce Mota, que considerou que um banco com as suas características tem "de dar resultados, ser lucrativo, mas [também] apoiar novas formas" de investimento e que é isso que tem feito com microcrédito, crédito à habitação com juros adaptados à certificação energética da casa ou cartão bancário para cegos.

"O banco Montepio tem dificuldades, de legado, de malparado [crédito em incumprimento] para reduzir, mas não esquece os compromissos para com a sociedade", disse.

Recomendados para si

;

Receba as melhores dicas de gestão de dinheiro, poupança e investimentos!

Tudo sobre os grandes negócios, finanças e economia.

Obrigado por ter ativado as notificações de Economia ao Minuto.

É um serviço gratuito, que pode sempre desativar.

Notícias ao Minuto Saber mais sobre notificações do browser

Campo obrigatório