Luís Castro, treinador do Shakhtar Donetsk, considerou esta terça-feira que a luta entre Benfica e FC Porto pelo título de campeão nacional até final da época vai trazer muita emoção ao campeonato português, e pediu ainda que se melhorasse a competitividade da I Liga.
Numa videoconferência promovida com jornalistas portugueses, e na qual o Desporto ao Minuto marcou presença, o técnico português defendeu que a equipa que tiver maior estabilidade emocional será aquela que conseguirá ter vantagem na I Liga.
"Esta época, o campeonato está muito apertado quer para FC Porto quer para Benfica. São duas grandes equipas e duas grandes instituições que estão lado a lado. Vai ser fantástico a emoção que as duas equipas vão levar ao campeonato. Quando acontece este tipo de situações, aquela que tiver mais estabilidade emocional, que sentir mais conforto dentro de casa e conseguir não ter problemas internos até à decisão final será aquela que vai ter vantagem na Liga", afirmou Luís Castro numa conversa com jornalistas portugueses, antes de pedir que o campeonato português se torne mais competitivo, numa altura em que, segundo o próprio, já temos bons treinadores portugueses e bons jogadores portugueses.
"O futuro do campeonato português está a ser analisado por todas as pessoas que estão ligadas ao campeonato português. Deve haver uma equipa a pensá-lo de forma muito séria porque se temos tão bons jogadores e treinadores temos de ter também um bom campeonato. Não podemos vender o nosso campeonato a uma estação em Itália e passados três meses essa estação italiana abdicar do que comprou porque não revê qualidade naquilo que vê. Temos que pensar muito bem tudo aquilo que queremos do nosso campeonato e de o tornar mais visível, mais competitivo. Todos nós, vocês e eu, temos a capacidade de fazer melhor a cada dia. É hora de fazer isso e melhorar o nosso campeonato", vincou.
Questionado pelo Desporto ao Minuto sobre o facto dos treinadores portugueses terem sucesso lá fora e em Portugal serem 'esquecidos', Luís Castro argumentou que cada clube escolhe o treinador que bem entende, destacando ainda o facto de existirem quase apenas treinadores portugueses nos clubes da I Liga, à exceção do Tondela e do Vitória FC.
"Os clubes e os presidentes têm o direito de escolher quem querem para treinar. E estão colegas nesse lugar. Não estão esquecidos porque eles estão a trabalhar. Um clube não pode ter dois ou três treinadores. Os espaços estão ocupados por treinadores, e devido à competência são portugueses. Apenas o Julio Velázquez e o do Tondela são estrangeiros. O treinador português tem uma metodologia de trabalho muito conseguida. O mais visível foi o José Mourinho ao conquistar a Champions com o FC Porto, e depois o trajeto que fez abriu portas. O Manuel José com o trabalho no Egito também", referiu, antes de elogiar a metodologia utilizada pelos treinadores nacionais.
"A metodologia do treinador português é muito bem conseguida e entendida pelos jogadores devido ao facto do jogar estar sempre presente nos treinos. A tomada de decisão dos jogadores é exigida de forma permanente e aquilo que é mais necessário num jogo é essa mesma tomada de decisão a velocidades altíssimas. Isso, trabalhado em treino, leva a que o jogador tenha um prazer enorme em jogo e sejam equipas que conseguem ter êxito", salientou.
"Quando saímos do país muitos de nós vamos para situações privilegiadas em que temos boas condições para trabalhar e para mostrar trabalho. Felizmente temos conseguido abrir portas uns aos outros. O Paulo abriu-me portas aqui a mim, outros abrem em Inglaterra e no resto do mundo. Somos tantos pelo mundo fora. Vamos ser cada vez mais porque o treinador português é uma marca de qualidade. Não gosto de diferenciar portugueses dos outros, mas claramente estamos a conseguir sucesso", acrescentou.
Sobre os objetivos no futuro, Luís Castro disse que gostaria de treinar uma Seleção Nacional, mas sublinha que essa equipa não deverá ser a Seleção portuguesa porque esta está "bem entregue" a Fernando Santos.
"Eu gostaria de treinar uma Seleção Nacional. Treinar a Seleção portuguesa não. Está bem entregue ao Fernando Santos que é fantástico. Depois de Fernando Santos temos tantos treinadores ótimos em Portugal que podem treinar a seleção portuguesa. Agora, eu gostaria de treinar um dia uma seleção como já o disse publicamente. Agora, houve muitos objetivos da minha vida que não foram cumpridos e este pode ser mais um que não é cumprido, mas também o pode ser. É um objetivo meu", finalizou
