O ano de 2018 foi um daqueles que o desporto dificilmente vai esquecer de forma rápida. Houve mudanças, muitas... Expetativas, a transbordar, e campeões entre os pequeninos. 

Do FC Porto à Libertadores, sem esquecer o regresso à ribalta do futebol francês ou a conquista da Taça de Portugal por parte do Desportivo de Aves, houve feitos para todos os gostos. 

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O ano do Dragão, de uma águia ferida e um leão no precipício 

O campeonato português foi este ano decidido ao milímetro. Numa Liga de vantagens curtas, Benfica e FC Porto andaram sempre a par na luta pela faixa de campeão. Foi um golo de Herrera que sentenciou uma disputa que parecia ter tudo para continuar até ao último segundo, mas se o pontapé do mexicano quebrou a hegemonia da águia, muito há que destacar o papel de Sérgio Conceição.

Depois de anos sem vencer, mais precisamente quatro, sem dinheiro para reforços, mas com discurso suficiente para convencer uma plateia de esquimós a comprar blocos de gelo, o técnico orientou uma armada que parecia, no início, nem ter força para o peso dos remos. Com armas apontadas aos rivais, mas sobretudo com vontade de fazer renascer uma mística que o próprio viveu com as cores azuis e brancas, o timoneiro dos dragões foi o espelho de uma vontade de toda uma cidade.

Os títulos voltaram ao FC Porto, mas as polémicas a sul deram muito que falar. As águias viram-se envolvidas em diversos episódios de cariz judicial, os leões sofreram, no consolado de Bruno de Carvalho, um dos mais fortes reveses da sua história. 

A invasão à Academia de Alcochete, a 15 de maio, depois de vários ensaios gorados de pressão sobre atletas dos leões, levaram a uma debandada em peso das estrelas da equipa. As imagens da invasão marcam o ano desportivo, sem títulos nem desculpas. 

Bruno de Carvalho despediu-se da liderança do emblema de Alvalade e no seu eco eclodiu um período que se pretende, em Alvalade, de renascimento. Peseiro, Tiago Fernandes e Keizer todos têm dedo no bom momento dos leões, vamos ver até quando dura a onda de positivismo que este fim de semana esbarrou no Vitória na Cidade Berço. 

Au revoir, Euro... Bonjour, Mondiale

Depois de terem recebido a final do Euro'2016, perdida, para nosso regozijo, frente a Portugal, os franceses voltaram, em 2018, na Rússia, à ribalta do futebol mundial. Com um futebol 'chique', onde pontuou a classe de atletas como Pogba, Griezmann ou Mbappé, o conjunto liderado por Didier Deschamps voltou aos seus tempos áureos.

Com uma vitória sobre a Croácia na final do Mundial, os franceses voltaram a provar do sabor de campeão, somando mais um título Mundial em seleções, vendo nascer uma geração de quem se espera agora muito mais do que já foi feito.

São claros vencedores do ano, merecendo devidamente o ouro que ergueram no final. 

Real 'Champions' Madrid

Foi Zidane, foi Ronaldo, foi o Real Madrid. Com o francês ao leme do comando técnico e com o português ao leme dos golos, os merengues foram uma formação bem oleada que raramente deu chances aos seus adversários internacionais.

Com um hat-trick de conquistas consecutivas na maior prova de clubes, os blancos inscreveram o nome na história da modalidade, deixando um registo que, certamente, será difícil de voltar a repetir nos próximos anos.

Mas, ainda assim, destaque, para o grande trabalho desenvolvido pelo Liverpool. Depois de os espanhóis terem vencido a Vecchia Signora na final anterior, e antes disso o Atlético Madrid, a equipa de Jurgen Klopp mostrou na final da Champions um futebol alegre e que fez de Mohamed Salah um dos grandes astros do futebol mundial. Pena por Karius que comprometeu na final e que terá para sempre o seu nome ligado à derrota dos reds. 

Man. City: Guardiola e o tik-tak inglês

O Manchester City, também ele, foi um dos grandes campeões do ano. Tendo terminado a Premier League destacado de toda a sua concorrência direta, nomeadamente do que era à data o Manchester United de José Mourinho, a formação de Pep Guardiola parece ter encontrado no relógio britânico a pontualidade do bom futebol.

Com jogos convincentes, uma equipa que privilegia a posse de bola, mas de olhos sempre postos no ataque, o treinador espanhol parece ter encontrado uma nova fórmula resolvente. 

Kevin de Bruyne foi o motor da equipa e também ele passou do lote de ilustres aspirantes à elite mundial, a uma confirmação mais que merecida. 

Libertadores e Aves: Polémicas e novos campeões

O campeão sul-americano vestiu esta temporada as faixas do título em terras do Velho Continente. Depois de uma primeira mão que terminou com empate a duas bolas entre River e Boca, graves incidentes marcaram o que se queria como um jogo de festa - 2.ª mão da final.

Os jogadores do Boca foram atacados quando viajavam no autocarro da sua equipa, os ânimos escalaram e a prova teve de ser 'transferida' para o Bernabéu. Sob fortes medidas de segurança, com emotividade emprestada por uma casa estranha, o River lá fez a festa final graças a um jogador do FC Porto, Juan Quintero.

Neste âmbito, destaque também para a vitória do Desportivo de Aves na final da Taça de Portugal....frente ao Sporting. Dias depois do ataque à Academia de Alcochete, os atletas do Sporting apresentaram-se em campo, ao lado de Jorge Jesus, para tentar 'salvar' a época, mas desta vez foi um pequenino a levar para casa o título.

E se a Taça de Portugal é isso mesmo, a festa de todos, do futebol e dos clubes que por vezes andam por aí perdidos, há também que lembrar a boa prestação do Caldas na Prova Rainha. Sem jogadores profissionais, os pequenos heróis desta cidade lembraram a um Portugal inteiro que o futebol é esperança e acreditar... apesar de eventuais 'desilusões de percurso'.