Ex-líder do CDS acusa Governo de "ir atrás das preocupações do Chega"

O antigo presidente do CDS-PP Manuel Monteiro acusa o Governo de "ir atrás das preocupações do Chega" nas alterações às leis da nacionalidade e imigração e defende que os cidadãos dos países da CPLP devem ser distinguidos favoravelmente.

Manuel Monteiro antigo líder do CDS

© Global Imagens

Lusa
08/07/2025 07:12 ‧ há 7 horas por Lusa

Política

Manuel Monteiro

"Compreendendo as legítimas preocupações em relação à questão da imigração, considero um erro total que não haja uma distinção expressiva, politicamente notória, em relação aos cidadãos de língua portuguesa", afirmou.

 

Em declarações à Lusa, o presidente do IDL -- Instituto Amaro da Costa considerou que "um país como Portugal, que não distingue favoravelmente os países da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], é um país que esquece o seu passado e que não cuida do seu futuro, porque os cidadãos de língua portuguesa são os únicos capazes de promover em termos efetivos a lusofonia".

"É uma questão que não pode deixar de ser uma crítica ao Governo que, na ânsia de procurar ir atrás das preocupações do Chega, trata por igual aquilo que não pode ser tratado por igual", sustentou, considerando essa situação "inconcebível e inadmissível". 

O antigo líder democrata-cristão considerou também "um erro político grave que não tenha existido uma preocupação do Governo português em não avançar com qualquer mexida da lei da nacionalidade em relação aos cidadãos de língua portuguesa sem prévias conversações com os representantes desses mesmos Estados".

Monteiro lembrou que "existem tratados de reciprocidade que consagram essa mesma distinção" e apontou que politicamente trata-se de "uma gestão com os pés" por parte do Governo português.

Para o antigo dirigente do CDS-PP, não era necessário alterar a lei no que toca à atribuição da nacionalidade.

O presidente do IDL defendeu que, se as alterações à Lei da Nacionalidade e às regras para a entrada de imigrantes entrarem em vigor "pode representar um retrocesso na defesa da lusofonia", considerando que é fundamental para Portugal se "projetar no mundo".

"Portugal tem um passado, nós não honramos o passado quando não tratamos de forma diferenciada no presente aqueles que falam a nossa língua. E nós não podemos, nem é, sob o meu ponto de vista, admissível para a direita verdadeiramente patriótica que honra a sua história, pensar que um cidadão de língua portuguesa deve ter um tratamento idêntico a um cidadão que não seja de língua portuguesa", sustentou.

Manuel Monteiro referiu também a "importância de jovens lusófonos, nomeadamente que procuram ou ainda têm procurado as universidades portuguesas para fazerem os seus estudos académicos", e chamou a atenção para "os jovens estudantes de países da CPLP" que "procuram vir para Portugal estudar e esperam e desesperam para que o visto de entrada lhes seja conferido".

"É algo que me confrange, que me inquieta, não ver o país no século XXI a procurar potenciar as relações de dinamização da lusofonia. De nada servem discursos muito bonitos se depois nas questões de entrada, nas questões de residência e nas questões de atribuição de nacionalidade nós tratarmos basicamente da mesma forma esses mesmos cidadãos como tratamos os outros", indicou.

Manuel Monteiro afirmou que esta é "uma questão de Estado e de projeção de Portugal no mundo" e referiu que "quando um governante prescinde dessa visão de Estado, é tão populista quanto aqueles que critica como populistas".

"Se nós fazemos mexidas na lei que dificultam a presença de cidadãos de língua portuguesa no nosso país, pois estamos a dar de mão beijada a possibilidade desses mesmos cidadãos, nomeadamente das novas gerações, procurarem outros destinos que não o destino português. E isso, a mim, parece profundamente preocupante, até em termos de sobrevivência da própria nação portuguesa", alertou. 

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