O antigo deputado socialista Ascenso Simões considerou que o "Partido Socialista está fragmentado relativamente às Presidenciais" e referiu que António José Seguro "não deveria aceitar o apoio" do partido, tal como o PS "não devia apoiar nenhum candidato" nestas eleições, que acontecem no próximo ano.
No espaço de comentário 'Além do óbvio', da SIC Notícias, quando questionado sobre as palavras do presidente do PS, Carlos César, no Conselho Nacional do partido sobre os militantes não terem de se sujeitar ao candidato apoiado pelo PS e se isso não levaria à fragmentação do partido, Ascenso Simões foi direto na sua resposta: "O Partido Socialista está fragmentado relativamente às Presidenciais".
"Não é de hoje, já sabemos. E está fragmentado já há décadas", começou por dizer, referindo-se às eleições presidenciais que opuseram Mário Soares e Manuel Alegre.
E acrescentou: "Há uma candidatura, a candidatura de António José Seguro, que recebe os apoios maioritários do Partido Socialista, de autarcas, dirigentes do PS. Mas, também há um conjunto de militantes que tem uma importância na sociedade portuguesa que entendem que essa candidatura não é candidatura que represente os espaço de centro-esquerda completo".
Questionando se o centro-esquerda é o "o PS, mais o Bloco, mais o Livre, mais outros movimentos que possam andar por aí", Ascenso salientou que "isso não é o centro-esquerda", tendo referido que "o problema que se põe é saber como é que a Esquerda se apresenta a eleições" e se conseguirá "discutir a segunda volta".
Já sobre uma possível candidatura de Sampaio da Nóvoa, que tem recebido apoio por uma parte do PS, o ex-deputado sublinhou que não sabe se ele "vai aceitar ser uma quinta ou sexta escolha das candidaturas".
"O professor Sampaio da Nóvoa é alguém que tem uma história, que tem percurso político, que foi reitor de uma universidade, e estão a transformar o professor quase como uma utilidade para um conjunto de pessoas que têm um problema de narcisismo crónico. O Partido Socialista devia ter algum cuidado na forma como está a promover essa candidatura", destacou.
"Candidatura de Seguro nasce de uma entrevista de Pedro Nuno Santos"
Para Ascenso Simões o "Partido Socialista não devia apoiar nenhum candidato" e "António José Seguro não devia aceitar o apoio do PS".
"O Partido Socialista ficava livre de qualquer guerra que venha a existir entre dirigentes relevantes entre o partido e António José Seguro fazia o seu caminho e até tinha mais sucesso porque podia perfeitamente distanciar-se de um conjunto de circunstâncias que hoje temos na política portuguesa, podia afirmar-se ainda com mais nitidez num caminho de purificação da política, de melhoria das instituições democráticas, do papel do Presidente da República como moderador", afirmou.
E continuou: "É claro que se tiver o apoio do PS, a candidatura dele terá sempre mais limitações porque aparecerá sempre como uma referência com um passado recente".
Ascenso Simões notou que "adequado" seria que o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, dissesse ao Conselho Nacional: "Recomendo que não apoiemos nenhum candidato".
O socialista considerou ainda que a candidatura de António José Seguro nasceu "de uma entrevista de Pedro Nuno Santos", salientando que Seguro "resulta de uma identificação dos perfis que existem no espaço do Partido Socialista feita por Pedro Nuno Santos".
De notar que os socialistas António Vitorino e Augusto Santos Silva chegaram também a ser nomes falados para concorrer nas Presidenciais. Ambos já vieram dizer que não serão candidatos.
De recordar que, para já, apenas Luís Marques Mendes, Henrique Gouveia e Melo e António José Seguro oficializaram as suas candidaturas a Belém. As eleições presidenciais deverão acontecer no início do próximo ano.
Note-se ainda que Mariana Leitão, da Iniciativa Liberal, chegou a apresentar-se como candidata, tendo depois desistido após a saída de Rui Rocha da presidência do partido.
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