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"O Livre está a ser prejudicado pelo sistema", diz Rui Tavares

O cabeça de lista do Livre às eleições europeias, Rui Tavares, queixa-se de que o partido "está a ser prejudicado pelo 'establishment'" e alega que "deveria ter mais atenção" do que a Aliança na cobertura noticiosa da campanha.

"O Livre está a ser prejudicado pelo sistema", diz Rui Tavares
Notícias ao Minuto

06:35 - 30/03/19 por Lusa

Política Entrevista

Em entrevista à agência Lusa, o historiador e fundador do Livre critica "as leis feitas à porta fechada, com as partes interessadas a legislar em benefício próprio", apontando o caso da legislação sobre o financiamento dos partidos ou da cobertura das campanhas eleitorais.

"A nossa democracia está doente. Se calhar, os sintomas ainda não são os de Espanha, França ou Reino Unido, mas ela está doente. Uma das coisas que a faz estar doente é a cooptação da democracia por algumas direções partidárias", argumenta o ex-eurodeputado, apontando o caso de leis que são aprovadas no parlamento, em reuniões à porta fechada, "em benefício próprio".

Para justificar a visão pessimista, o historiador e cronista do Público estabelece um paralelo entre a atenção dada ao Livre e aquela de que tem beneficiado a Aliança, do ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, ou o eurodeputado António Marinho e Pinto, eleito pelo Partido da Terra, mas que já criou uma nova força política.

"O Livre deveria ter mais atenção do que a Aliança de Pedro Santana Lopes, sem nenhuma dúvida. O Livre tem um candidato que foi europedutado até há cinco anos e cujos relatórios são os que a Europa fala hoje", invoca, apontando o caso do documento por si produzido sobre o estado de direito na Hungria, de Viktor Orbán.

E continua: "Santana Lopes, durante décadas que esteve na política, nunca incomodado pela forma como se fazem os arranjos internos nos partidos de poder, com as nomeações de gentes com pouco currículo, ou até mediocre, para sinecuras do Estado, que as listas fossem feitas pela direção de turno do partido. A única coisa que o incomodou foi quando não foi ele a fazer", critica.

Rui Tavares cita também Marinho e Pinto, que "disse que o Parlamento Europeu não serve para nada", mas continuou lá e não fez nada para alterar o estado de coisas.

Ao contrário destes partidos, defende, o Livre "teve a melhor estreia de sempre em eleições europeias", conseguiu 72 mil votos nas últimas europeias, em 2014, transformando-se no "partido maior" entre aqueles que não conseguiram eleger deputados.

Além disso, continua, é "o único partido que tem um verdadeiro programa europeu - os outros só têm lançado manifestos, não têm programas - que fundou um movimento paneuropeu [Primavera Europeia]" e é "o único em Portugal que faz primárias abertas" para escolher candidatos.

Questionado sobre a razão porque acontece isto, Rui Tavares responde que a razão é "muito simples": "os populistas dão audiência e o Livre não é um partido populista, é até anti-populista".

Os outros, acrescenta, como a Aliança, são "partidos de retórica muito grande e de poucas realizações concretas".

Outra das razões apontadas pelo antigo eurodeputado é os partidos do arco parlamentar alinharem num debate falacioso, em que se discutem quase só questões internas.

"O cenário do debate europeu em Portugal é um cenário quase em tom de farsa, com discordâncias montadas para as televisões verem e entre os partidos parlamentares, mas no fundo com um grande consenso que vai do PCP ao Bloco de Esquerda, do PS ao PSD e CDS", argumenta.

É a ideia, prossegue Rui Tavares, de que "a Europa é uma coisa que nos acontece".

"Depois, podemos bater mais ou menos o pé, falar mais ou menos grosso, mas a Europa não é para nenhum partido desses uma coisa que nós fazemos acontecer, nunca é ativada ou intensificada a cidadania europeia", critica.

Rui Tavares pede ainda "propostas que melhorem a qualidade" da democracia, fugindo aos critérios da "cooptação da democracia" pelos partidos do sistema, e lembra que os países com maior grau de desenvolvimento são os que mais se envolvem na discussão dos temas europeus e fogem à "completa arbitrariedade dos critérios", como é o caso português.

A concluir este tema, o antigo eurodeputado, que foi eleito nas europeias de 2009 como independente nas listas do BE, recorda que, nas legislativas de 2015, logo após a aprovação de uma nova lei sobre as campanhas eleitorais, houve uma "espécie de veto de gaveta" à medida dos interesses dos partidos parlamentares, "não houve cobertura nenhuma" e, mesmo assim, "o Livre teve a melhor estreia de sempre".

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