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"Portas recebeu condecoração" do PT, "agora acusa de voz da corrupção"

Francisco Louçã mostra-se preocupado com os primeiros sinais da eleição de Bolsonaro. Mas alerta para um problema maior, que é o entusiasmo dos partidos da direita europeus com a política suja.

"Portas recebeu condecoração" do PT, "agora acusa de voz da corrupção"
Notícias ao Minuto

23:23 - 02/11/18 por Notícias Ao Minuto

Política Francisco Louçã

Jair Bolsonaro venceu Fernando Haddad nas eleições presidenciais brasileiras e na primeira semana depois da sua eleição já anunciou algumas decisões polémicas, sendo a principal a escolha do juiz Sergio Moro para ministro da Justiça do seu futuro governo. No seu espaço de comentário semanal na SIC Notícias, Francisco Louçã partilhou a sua opinião sobre esta primeira semana.

“A primeira semana de Bolsonaro teve sinais muito interessantes, alguns muito preocupantes, outros ao encontro do que ele já tinha dito. Um deles é o apoio a Trump na passagem da embaixada do Brasil para Jerusalém e, em segundo lugar, confirmar Moro como super-juiz da Justiça e da Segurança, o que é um rombo em todo o discurso da independência dos tribunais brasileiros”, começou por referir o antigo líder do Bloco de Esquerda, que depois focou-se em questões económicas.

“O grande debate é saber se antes de tomar posse, no dia 1 de janeiro de 2019, se haverá ou não uma reforma do sistema de segurança social. Bolsonaro prefere que seja o antigo congresso, e não o novo congresso, a votá-la para aliviar-lhe o peso político desta decisão. O problema é que ele próprio votou contra todas as propostas que quer aprovar e o seu vice-presidente, o general Mourão, já disse que é contra essas propostas. Elas são importantes porque seriam um dos passos num projeto económico de desagregação das responsabilidades sociais do Estado e mesmo de caminho para a privatização da segurança social”, afirmou Louçã.

Sobre a escolha para de Paulo Guedes para futuro ministro das Finanças, o economista salienta que “retoma propostas que foram feitas na altura da ditadura de Pinochet no Chile. Por exemplo, uma taxa plana de 20% de IRS, ou o que corresponde ao nosso IRS, para que os mais ricos nunca paguem mais de 20%. Seria um rombo nas contas públicas do Brasil, um enorme entusiasmo na bolsa e nas elites económicas, mas isto dá um sinal do que pode ser esta governação. A mistura entre autoritarismo e liberalismo tão agressivo cria aqui ingredientes para tensões muito grandes”.

Louçã comentou ainda as posições de Assunção Cristas e Paulo Portas relativamente a Bolsonaro, que optaram por não condenar as suas afirmações e propostas polémicas.

“Os partidos têm que ser vistos pelo que dizem, pelo que fazem, pela sua trajetória. O CDS tentou afastar-se, incluindo Paulo Portas, de todo esse discurso mais agressivo e que pudesse ser visto como uma memória da ditadura portuguesa. O CDS é um partido de oportunidades. Paulo Portas recebeu há dois anos uma condecoração das mãos do governo de Dilma Rousseff, que ele agora acusa de ser a voz da corrupção e que nunca poderia apoiar um candidato desses contra um da direita radical. Portanto, as oportunidades fazem a opinião”.

O comentador mostra-se mais preocupado com outra questão que vai além da eleição de Bolsonaro.

“Temos que olhar para um outro problema que é mais importante. No CDS, no PSD, noutras direitas e na Europa há um verdadeiro entusiasmo com a possibilidade, com o sonho de mudar as tendências eleitorais de fundo depois de governos fracassados a partir da política suja, da violência na internet, de discursos de ódio, contra os imigrantes, os homossexuais, os pobres. Nos próximos anos, depois de Trump a Direita na Europa não vai ser aquilo que conhecemos ao longo dos últimos 30 ou 40 anos”.

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