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"Ano estranho e contraditório". A mensagem em que Marcelo quebrou regras

Poucos dias após ter sido sujeito a uma intervenção cirúrgica, o Presidente da República falou ontem ao país. Pela primeira vez na História, a tradicional mensagem de Ano Novo do chefe de Estado foi transmitida em direto. Marcelo quebrou, uma vez mais, as regras.

"Ano estranho e contraditório". A mensagem em que Marcelo quebrou regras
Notícias ao Minuto

08:20 - 02/01/18 por Notícias Ao Minuto com Lusa

País Ano Novo

O Presidente da República defendeu esta segunda-feira à noite que 2018 terá de ser o "ano da reinvenção" da confiança, advertindo que os portugueses precisam de ter a certeza de que, "nos momentos críticos, as missões essenciais do Estado não falham".

Na tradicional mensagem de Ano Novo, este ano transmitida em direto a partir da sua casa, em Cascais, Marcelo Rebelo de Sousa elegeu a palavra "reinvenção" como a "palavra de ordem" de 2018, depois de um ano "estranho e contraditório", marcado "sobretudo pelas tragédias dos incêndios".

Depois de identificar as "reconfortantes alegrias" e as "profundas tristezas" que dominaram o ano de 2017, o chefe de Estado falou do "futuro", exigindo que 2018 seja "o ano da reinvenção" que "é mais do que mera reconstrução material e espiritual".

"Reinvenção da confiança dos portugueses na sua segurança, que é mais do que estabilidade governativa, finanças sãs, crescente emprego, rendimentos. É ter a certeza de que, nos momentos críticos, as missões essenciais do Estado não falham nem se isentam de responsabilidades", exigiu.

O Presidente da República pediu uma "reinvenção com verdade, humildade, imaginação e consistência", que passe pela "redescoberta" de "vários Portugais, esquecidos, porque distantes, dos que, habitualmente, decidem, pelo voto, os destinos de todos".

Em seguida, Marcelo Rebelo de Sousa apontou vários desígnios para 2018, o primeiro dos quais "converter as tragédias" vividas no país em "razão mobilizadora de mudança, para que não subsistam como recordação de irrecuperável fracasso".

"Temos de afirmar nesta exigente frente de luta coletiva a mesma vontade de vencer que nos fez recusar a resignação de uma economia e de uma sociedade condenadas ao atraso e à estagnação. Temos de superar o que de menor nos divide para afirmar o que de maior nos une", declarou.

Segundo o chefe do Estado, a necessidade de reinvenção reflete a "palavra de ordem que vem do povo", do "mais sofrido, do mais sacrificado, do mais abnegado".

Referindo-se às tragédias dos incêndios, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "se o ano tivesse terminado em 16 de junho, ou tivesse sido por mais seis meses exatamente como até então, poderíamos falar de uma experiência singular, constituída quase apenas por vitórias".

Porém, acrescentou, "um outro ano, bem diverso, se somou ao primeiro, a 17 de junho, dominou o verão e se adensou em 15 e 16 de outubro, marcado pela perplexidade em Tancos, o pesar no Funchal, o espectro da seca e, sobretudo, as tragédias dos incêndios".

E, frisou, as tragédias dos incêndios, por terem sido "tão brutalmente inesperadas e tão devastadoras em perdas humanas e comunitárias" acabaram por "largamente pesar no balanço de 2017".

"Tudo pondo à prova o melhor de nós - a resistência, o afeto, a iniciativa e a fraternidade militante, que levou mais longe ainda a nossa proverbial solidariedade", disse.

Na primeira parte da mensagem de Ano Novo, o Presidente da República começou por saudar os portugueses que vivem no país ou fora de fronteiras, incluindo os que servem em missão nacional.

No balanço que fez do ano passado, que classificou como "estranho e contraditório", Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que começou com a morte do histórico socialista Mário Soares e que, pelo lado positivo, com a passagem do Papa Francisco por Portugal, em maio.

Sucessos na economia e finanças aconselham prudência no futuro

O Presidente da República destacou ainda os indicadores positivos da economia e das finanças públicas, "como se de um sonho impossível se tratasse".

"Finanças públicas a estabilizar, banca a consolidar, economia e emprego a crescer, juros e depois dívida pública a reduzir, Europa a declarar o fim do défice excessivo e a confiar ao nosso ministro das Finanças [Mário Centeno] liderança no Eurogrupo, mercados a atestarem os nossos merecimentos", descreveu.

Aquele contexto, defendeu, "coloca fasquias mais altas no combate à pobreza, às desigualdades, ao acesso e funcionamento dos sistemas sociais e aconselhando prudência no futuro".

Porém, permitiu "a Portugal apresentar como exemplo a determinação dos portugueses", destacou, sublinhando que "ninguém imaginaria, há menos de dois anos, poder partilhar tão rápida e convincente mudança".

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que a mudança foi "sem dúvida iniciada no ciclo político anterior, mas confirmada e acentuada neste", lembrando que a solução política atual "tão grandes apreensões e desconfianças havia suscitado, cá dentro e lá fora".

Ainda relativamente ao "crescendo de alegrias" que assinalaria boa parte do ano, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou o "triunfo europeu" da música portuguesa, referindo-se à vitória de Salvador Sobral no festival europeu da canção, os elevados "galardões no turismo" e os "êxitos na ciência e no desporto".

Ano "estranho e contraditório" em Portugal e também na Europa, classificou, com "tão claro crescimento e desejo de recuperação do tempo perdido" e, ao mesmo tempo, "tão lenta capacidade de resposta e de reencontro com os europeus".

O chefe do Estado considerou ainda que o ano de 2017 foi "estranho e contraditório" no mundo, em que, a par de "tão veementes proclamações de paz e abertura económica" existem "tão preocupantes ameaças de tensão e protecionismo, pondo à prova a paciência e a sensatez de muitos, e, em particular, do secretário-geral da ONU, António Guterres".

 

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