Arménio Carlos pede melhores salários em empresa de roupa interior
O secretário-geral da CGTP-IN exigiu hoje melhores remunerações na empresa de confeção de roupa interior Huber Tricot, em Santa Maria da Feira, onde costureiras com décadas de serviço ganham apenas "2 ou 3 euros acima do salário mínimo".
© Global Imagens
País Santa Maria da Feira
Essa foi uma das reivindicações de Arménio Carlos e das cerca de 30 trabalhadoras que, no último dia da Semana de Luta da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado e Peles de Portugal (FESETE), se concentraram esta manhã à porta da empresa, em greve, empunhando cartazes com frases como "40 euros de aumento não é um exagero - é justo e necessário".
O secretário-geral da CGTP defende, aliás, que essa empresa em concreto tem condições financeiras para aumentar a remuneração dos seus cerca de 260 funcionários, entre as quais 95% serão mulheres e haverá umas 60 em situação de precaridade.
"O que temos aqui é claramente uma situação insustentável porque grande parte dos trabalhadores, nomeadamente costureiras com competências adquiridas, em alguns casos estão a ganhar apenas 2 ou 3 euros acima do salario mínimo nacional", defende Arménio Carlos.
"Há necessidade, portanto, de se melhorar os salários deste setor, que está em alta do ponto de vista da produção e das exportações, logo tem mais negócio e mais lucros, mas não os está a distribuir adequadamente pelos trabalhadores", realça.
Isabel Tavares, dirigente sindical da FESETE, confirmou à Lusa que a Huber Tricot é um desses casos: "A empresa só produz para exportação e tem recorrido sistematicamente a trabalho extraordinário. Pede horas extras de janeiro a dezembro e, se as pessoas quiserem, trabalham praticamente 50 horas por semana. Mas ainda agora o aumento de salário de uma costureira especializada foi só de 559 euros para 561 - ou seja, o aumento limitou-se a 2 euros por mês".
Arménio Carlos alerta ainda para um terceiro problema a corrigir no setor, que é o da intensificação dos ritmos de trabalho. "Isso está a originar não só a desregulação dos horários e pressão sobre os trabalhadores com maior dificuldade em articular a vida profissional com a familiar, mas também a criar nessas pessoas um desgaste acentuado do ponto de vista físico e psíquico, muitas vezes associado a doenças profissionais, nomeadamente músculo-esqueléticas, como as tendinites", explica.
A Lusa tentou ouvir a administração da Huber Tricot, mas essa não quis prestar declarações.
A visita do secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional - a Santa Maria da Feira inseriu-se na Semana de Luta que a FESETE e seus sindicatos iniciara na passada segunda-feira e que terminará hoje. A iniciativa integra várias ações em empresas dos sectores do Têxtil, do Vestuário e do Calçado, em prol da melhoria dos salários - em particular os da produção - e da aplicação dos direitos plasmados nos Contratos Coletivos Sectoriais.
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