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'Lição de vida' do "bidonville" de Champigny vai ser recordada amanhã

A "lição de vida" do "bidonville" de Champigny será recordada sexta-feira na cidade francesa numa homenagem aos que contribuíram para um monumento no local que nos anos 60 e 70 foi o maior bairro de lata português em França.

'Lição de vida' do "bidonville" de Champigny vai ser recordada amanhã
Notícias ao Minuto

12:10 - 06/10/16 por Lusa

País França

A Associação Les Amis du Plateau vai fazer uma "cerimónia de entrega de medalhas aos mecenas do projeto e a várias personalidades portuguesas e francesas" que desempenharam um papel na defesa e divulgação da história do "bidonville" de Champigny-sur-Marne, como os fotógrafos Gérald Bloncourt, Jean-Claude Broustail, a historiadora Marie-Christine Volovitch-Tavares e antigos professores que deram aulas às crianças portuguesas que moravam no bairro-de-lata, entre outras personalidades.

"Nós vivemos aqui, vimos crescer o bairro de lata que, apesar da miséria, deu muita coragem a uns, a outros nem por isso? Foi uma lição de vida de que temos orgulho hoje, ainda que na altura muitos de nós tivéssemos vergonha", disse à Lusa Valdemar Francisco, presidente da associação Les Amis du Plateau.

A cerimónia vai decorrer na Câmara Municipal de Champigny-sur-Marne, cerca de quatro meses depois de o monumento imaginado pelos portugueses ter sido inaugurado, a 11 de junho, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, António Costa, no âmbito das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

"Vamos condecorar 22 mecenas, empresários portugueses em França, que ofereceram este monumento a Champigny e a França, em homenagem a Louis Talamoni, o antigo autarca que ajudou os portugueses no ?bidonville' e que foi um humanista. Vamos também entregar medalhas a muitas outras personalidades da comunidade portuguesa e francesa para agradecer todo o trabalho que fizeram pelos portugueses", continuou Valdemar Francisco, um dos principais promotores e financiadores do monumento.

Para financiar a construção e mediatizar o monumento de homenagem a Louis Talamoni, Valdemar Francisco criou a associação Les Amis du Plateau e convidou os emigrantes a comprarem e assinarem um tijolo para a construção, tendo mesmo corrido Portugal "de norte a sul" à procura de antigos habitantes do "bidonville" para os convidar a assinarem os tijolos.

A cerimónia de homenagem desta sexta-feira vai contar, também, com uma exposição de fotografias do bairro de lata de Champigny, com imagens de Jean-Claude Broustail, o fotógrafo que trabalhava para a autarquia naquela época, e de Gérald Bloncourt, um dos fotógrafos franceses que mais retratou os "bidonvilles" portugueses nos arredores de Paris e que foi condecorado, este ano, com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

Valdemar Francisco também recebeu o grau de comendador da Ordem de Mérito, a 11 de junho, das mãos do presidente da República, no dia em que também foi condecorado, a título póstumo, Louis Talamoni, autarca de Champigny entre 1956 e 1972.

Durante o seu mandato, "contra a vontade de muitos franceses", Louis Talamoni providenciou o fornecimento de água e eletricidade, a escolarização das crianças, o acesso aos cuidados de saúde, a recolha do lixo e a instalação de esgotos no bairro de lata.

Valdemar Francisco chegou a França em 1960, com seis anos, e viveu nove anos no "bidonville" de Champigny, tendo começado a trabalhar aos 12. Aos 28 estabeleceu-se por conta própria e hoje está à frente de um grupo de empresas de construção civil que emprega diretamente 142 pessoas e que contrata outras 210, na maioria portugueses ou lusodescendentes.

Champigny-sur-Marne tem outro memorial aos emigrantes portugueses da autoria do escultor português Rui Chafes, inaugurado em 2008.

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