Com uma faixa onde se lia "Carristur -- em luta pela contratação coletiva e por um acordo de empresa" e munidos de cartazes com as inscrições "Aumentos não podem ser só no preço dos bilhetes" ou "Deixem de nos roubar, basta de salários de miséria", os trabalhadores saíram do Largo do Rato e desceram a rua de São Bento acompanhados do som de apitos, buzinas e cânticos como "negociação sim, imposição não" e "queremos os nossos direitos".

Em declarações à agência Lusa, Manuel Leal, da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), disse que os trabalhadores contestam, sobretudo, o não cumprimento do acordo coletivo de trabalho firmado em dezembro.

"O acordo determinou a atualização dos salários mais baixos (560 euros) para 630 euros. Foi aplicado em janeiro, mas retirado de forma unilateral em fevereiro", explicou.

Segundo o sindicalista, a administração da Carristur afirma que "tem os meios financeiros para cumprir o acordo, mas falta a autorização do Ministério das Finanças".

Lembrando que endereçaram uma carta ao primeiro-ministro a 15 de junho a questionar esta situação, Manuel Leal afirmou que o objetivo da marcha é "ir pedir uma resposta à carta porque não houve nenhuma até agora".

A par da marcha, os trabalhadores da Carristur realizam também hoje uma greve de 24 horas.

Ao fim da manhã, o sindicalista disse que ainda "era cedo" para se fazer um balanço da greve, afirmando apenas que "o serviço dentro da placa do aeroporto estava a ser realizado".

"Não está a ser garantido pelos funcionários da Carristur, mas pelos da Carris", disse Manuel Leal, frisando que se está perante uma ilegalidade, pelo que irá "apresentar uma queixa à Autoridade para as Condições de Trabalho, porque esta é uma situação de substituição de trabalho em greve".

Quando os trabalhadores passaram pela Assembleia da República tinham à sua espera o deputado do PCP Bruno Dias que os acompanhou até à residência oficial do primeiro-ministro.

"Quero transmitir solidariedade", disse o deputado, congratulando os trabalhadores por aquela ação, porque "só assim conseguem defender os seus direitos".

"Estamos lado a lado na causa, que é justa. Os trabalhadores têm razão", acrescentou.

A Carristur é uma operadora de circuitos turísticos em autocarros panorâmicos, tem cerca de 130 motoristas e exerce a atividade em Lisboa, Porto, Funchal, Coimbra, Braga e Guimarães.

Além dos autocarros turísticos panorâmicos, a Carristur tem um serviço de transporte do aeroporto de Lisboa para o Cais do Sodré, os elevadores turísticos e faz também serviços na placa do aeroporto, nomeadamente o transporte dos passageiros no aeroporto e o serviço de ligação entre o terminal 1 e o terminal 2.