Isabel Barbosa, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), explicou que o Hospital de Cascais é atualmente a única instituição hospitalar do país gerida em regime de Parceria Público Privada (PPP), não garantido aos profissionais as mesmas condições laborais da Administração Pública.
"Os direitos dos enfermeiros não são os mesmos. Têm um horário de trabalho de 40 horas em vez das 35. O pagamento das horas penosas, horas noturnas, fins de semana, é pago de uma maneira bastante inferior à restante administração pública", salientou.
A dirigente sindical observou ainda que os enfermeiros deste hospital "não têm uma progressão como na administração pública, nem a mesma carreira", nem o mesmo desenvolvimento profissional.
"Estes enfermeiros estão também exaustos, porque a carência é muita. Há uma grande rotatividade nos serviços, dado o caos que se passa até nos serviços e a falta de condições de trabalho", alertou.
Segundo Isabel Barbosa, a "grave carência" de profissionais já está a ter impacto no funcionamento dos serviços.
"Temos a cirurgia com 15 camas encerradas, 21 camas encerradas na medicina por falta de enfermeiros e seis no serviço de pediatria", exemplificou, frisando que os enfermeiros estão exaustos devido à sobrecarga horária a que estão sujeitos.
Portanto, vincou, "as exigências são claras: 35 horas como horário de trabalho e a contratação urgente, mas para que isto aconteça é preciso darem condições de trabalho aos enfermeiros, nomeadamente através do desenvolvimento profissional.
Para o SEP, é urgente que o Governo reverta para a "esfera pública" o Hospital de Cascais, garantindo uma harmonização de direitos entre estes e os restantes enfermeiros da administração pública, "colocando fim à exploração destes enfermeiros e à acumulação obscena de lucros do grupo Ribera Salut, que em 2024 foram de 808 milhões de euros".
"É fundamental criar condições de trabalho para atrair e fixar enfermeiros, nomeadamente tempos de descanso adequados, a aplicação de uma Carreira Única de Enfermagem para todos e a contabilização de todos os anos de serviço para efeitos de progressão", defende o SEP em comunicado.
Isabel Barbosa adiantou que o SEP irá entregar na terça-feira o abaixo-assinado ao conselho de administração do Hospital de Cascais, a quem já fez um pedido de reunião "há bastante tempo", aguardando ainda resposta.
"O que pretendemos é resolver os problemas dos profissionais e que a população possa ter acesso aos cuidados que merece", vincou.
Questionada se está a ser ponderada alguma forma de luta caso as reivindicações dos profissionais não sejam cumpridas, a sindicalistas disse que, para já, o SEP começa com a entrega do abaixo-assinado e gostaria de ouvir a administração.
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