Numa tomada de posição tornada pública hoje, a direção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) condena mais "um inaceitável ataque", revendo-se na posição da ONU segundo a qual a morte dos jornalistas da estação de televisão qatari representa uma "grave violação da lei humanitária internacional".
"É totalmente inaceitável Israel prosseguir com ataques direcionados a jornalistas", afirma o SJ, juntando-se às críticas de outras organizações internacionais e lembrando que "já morreram mais de 250 profissionais naquele território desde outubro de 2023".
No ataque de domingo na capital do enclave palestiniano morreram cinco jornalistas televisão do Qatar, entre os quais um repórter bem conhecido dos telespetadores, Anas al-Sharif, de 28 anos, em relação ao qual o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) manifestou preocupações de segurança no último mês.
Além de Anas al-Sharif, morreram também o jornalista Mohammed Qraiqea e os operadores de câmara Ibrahim Zaher, Mohamed Nofal e Moamen Aliwa. O jornalista 'freelancer' Mohammed Al-Khaldi, que colaborava ocasionalmente com órgãos de comunicação locais, também foi morto no ataque.
O exército israelita admitiu ter matado os jornalistas e acusou Anas al-Sharif de estar ligado ao Hamas, apresentando como prova dois documentos cuja origem não detalhou e que não podem ser verificados, segundo a EFE.
O Sindicato dos Jornalistas português lembra que os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e a Al-Jazeera "negam as acusações do Governo de Israel" segundo as quais Anas Al-Sharif seria um terrorista com ligações ao Hamas.
"Os RSF sublinham que Israel, mais uma vez, faz uma acusação sem qualquer fundamento e sem provas, de forma a tentar justificar mais um ataque contra um jornalista na Faixa de Gaza", afirma o SJ.
Em 24 de julho, o Comité para a Proteção dos Jornalistas denunciou que Anas al-Sharif estava a ser "alvo de uma campanha de difamação militar israelita", que considerou "um trampolim para o seu assassinato".
A Amnistia Internacional condenou hoje veementemente o "assassínio deliberado" dos jornalistas e o Comité para a Proteção dos Jornalistas criticou a justificação dada por Israel.
No comunicado de hoje, o SJ lembra a importância da presença de jornalistas na Faixa de Gaza e da sua proteção no enclave palestiniano, recordando que os Repórteres Sem Fronteiras "fazem um apelo público à intervenção da ONU para proteger os jornalistas que estão a reportar no cenário do conflito, com base na Resolução 2222, datada de 2015".
À semelhança do que defende a ONU, o SJ pede um acesso imediato, seguro e sem restrições à Faixa de Gaza. "É urgente permitir que os jornalistas acedam em condições de segurança ao território, para noticiar de forma independente e transparente este conflito", afirma a direção do sindicato.
Também o diretor da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, pediu hoje que os repórteres sejam protegidos e que a imprensa internacional seja autorizada a entrar em Gaza.
Dada a situação de fome, a Federação Europeia de Jornalistas tem a decorrer neste momento uma iniciativa, a que o Sindicato dos Jornalistas português se associou, para apelar aos profissionais do jornalismo à entrega de doações destinadas a jornalistas palestinianos e às suas famílias.
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