José Ribeiro, segundo Comandante Nacional da Autoridade de Emergência e Proteção Civil, adiantou, esta segunda-feira, que os dois aviões 'Canadair' afetos ao Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais (DECIR) que ficaram inoperacionais, terão sofrido "avarias ao nível dos motores" e admite que esta é uma situação "compreensível" tendo em conta aquilo que tem sido a atividade operacional dos últimos dias.
"Daquilo que é o nosso conhecimento, serão, essencialmente, avarias ao nível dos motores, mas não sei, em concreto, especificar aquilo que são as avarias de forma mais detalhada", disse o responsável, esta segunda-feira, durante um ponto de situação sobre os incêndios rurais em Portugal, na Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
"Estas situações, penso que serão compreensíveis dado aquilo que tem sido a atividade operacional nos últimos dias e, principalmente, aquilo que é a atividade aérea", acrescentou.
Segundo José Ribeiro, hoje, até às 18h30, houve registo de 150 missões realizadas. Ontem, notou, foram realizadas 165 missões, no total de 232 horas de voo. "Diria que é natural que estas máquinas também elas próprias acabem por sofrer aqui algum tipo de constrangimento", sublinhou.
De referir que Portugal vai receber, ainda hoje dois aviões 'Canadair' de Marrocos para ajudar no combate aos incêndios rurais, na sequência da avaria das aeronaves a operar no país. Existe um terceiro avião para substituir em caso de eventuais avarias, mas que também está fora de serviço.
As avarias identificadas nas duas aeronaves requerem uma intervenção técnica, estando prevista a sua reintegração no dispositivo nacional até ao final desta semana.
A porta-voz da Força Aérea Portuguesa (FAP), que tem a cargo o processo de contratação dos meios aéreos de combate a incêndios florestais, disse à Lusa que as empresas responsáveis pelo aluguer e operação dos aviões têm de repor os 'Canadair' fora de serviço e são sujeitas a penalizações quando não cumprem os contratos.
Sobre os motivos das avarias, a FAP remeteu para as empresas a divulgação de informação.
A Avincis, empresa responsável pelos 'Canadair' a operar em Portugal, disse estar a trabalhar para trazer "o mais rapidamente possível" para Portugal duas aeronaves para substituição das que estão inoperacionais.
A empresa não avançou, no entanto, datas concretas para a chegada das aeronaves a Portugal e não esclareceu desde quando nem quais as razões para os aviões pesados de combate a incêndios florestais estarem inoperacionais.
Quatro bombeiros feridos nos incêndios
O responsável da Proteção Civil adiantou ainda que há quatro ocorrências mais "significativas" e que geram "maior preocupação": Sirarelhos, Vila Real, Trancoso, nas Beiras e Serra da Estrela, Pereiro, na Covilhã, e Chavães, Tabuaço.
Estas quatro ocorrências, segundo José Ribeiro, mobilizam 1.625 operacionais, 528 veículos terrestres e 28 meios aéreos.
Quanto a vítimas, no dia de hoje, até às 17h00, um operacional foi assistido no teatro de operações e três foram levados para unidades hospitalares. Segundo José Ribeiro, são situações ligeiras.
Além disso, estão em resolução, conclusão ou vigilância 47 ocorrências, que exigem a presença de 827 operacionais, 233 veículos e cinco meios aéreos.
José Ribeiro sublinhou ainda que foi elevado o estado de prontidão especial para nível 4 em todo o país, a manter-se até quarta-feira.
"As sub-regiões a sul que estavam no nível três, entendemos elevar para nível quatro porque, de certa forma, são estes territórios que estão a alimentar aquilo que é o esforço de reforço dos vários teatros de operações", disse José Ribeiro, adiantando que do comunicado técnico sobre o assunto constam determinações ligadas ao pré-posicionamento de meios, de âmbito nacional e nos diferentes escalões, patrulhamento com aviões médios, e reforço da comunicação de emergência.
Quanto a queixas que surgem de populações sobre falta de meios o responsável respondeu com a complexidade das operações de combate e com a prioridade em proteger pessoas e bens e admitiu também que em casos de incêndios de grandes dimensões pode haver momentos em que, em determinado local, não haja meios para o combate.
Além de se mostrar solidário com populações afetadas pelos últimos incêndios, e de deixar um incentivo para os operacionais, José Ribeiro recordou as restrições em vigor devido à situação de alerta.
Portugal, recorde-se, está em situação de alerta devido ao risco de incêndio e nas últimas semanas têm deflagrado vários incêndios no norte e centro do país que já consumiram uma área de quase 60 mil hectares este ano.
[Notícia atualizada às 23h56]
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