Depois de ter reativado no sábado e ter colocado várias aldeias em risco, o fogo entrou em fase de resolução esta madrugada e sofreu, durante a tarde, uma reativação na zona de Galegos da Serra.
No local esteve uma equipa da Unidade de Emergência Proteção e Socorro da (UEPS) da GNR e um helicóptero, e permanecem bombeiros, e dois aviões.
Mas, ali estão também em vigilância habitantes de Galegos com medo que o fogo passe a estrada, um pequeno rio e chegue perto das casas e armazéns.
Diogo Oliveira cortou um ramo de giestas verdes, preparado para atuar se o fogo se aproximar do seu palheiro. "Para ver se a gente consegue fazer alguma coisa", afirmou à agência Lusa o pastor, que tem 25 cabras.
O incêndio começou às 23h45 do dia 02 e, desde aí, segundo Diogo Oliveira, "nunca mais se teve um dia de sossego".
"Está a ser um verão duro, nunca se viu coisa parecida com este ano", apontou, explicando que esta tarde está atento para não deixar passar o fogo para o lado da aldeia.
A noite foi passada ali na estrada, onde apagaram as chamas, mas voltou a reativar durante a tarde. "Nunca mais se vê o dia disto acabar", referiu, lamentando também os pastos queimados, restando apenas "um bocadinho por baixo da estrada".
E questionou: - "Agora com o monte todo ardido as cabras vão comer aonde?".
Isaurinda da Silva trazia um balde na mão para, se for preciso, ajudar a apagar o fogo.
No domingo, as chamas desceram a serra e a população uniu-se no combate pela noite dentro para, segundo esta habitante, "proteger a casa" de toda esta comunidade.
Killy Oliveira foi uma delas. Esteve de prevenção até às 05:00 com medo que o fogo passasse para a aldeia e, por isso, hoje, mal soube da reativação voltou, com a giesta na mão.
"Estamos aqui outra vez a ver se podemos ajudar em alguma coisa", referiu, apontando também aos dias angustiantes que se têm vivido na serra, em pleno Parque Natural do Alvão (PNA).
Manuel Oliveira tem um armazém no início da aldeia. "Está um pouco difícil porque ainda esta noite a população andou aqui até às 05:00 a apagar o incêndio, os bombeiros não querem saber, não sei se a culpa é deles, se é a Proteção Civil ou se andam mal coordenados, mas se andam mal coordenados, então quem os estiver a coordenar que se demita", afirmou.
Acrescentou que "um incêndio quando está pequenino há que o controlar, não é deixá-lo ficar forte e depois ai se eu soubesse". Ou seja, segundo Manuel Oliveira, "se tivessem apagado as fogueiras pequeninas nada disto acontecia".
"Ainda não fiz 80 anos, mas falta pouco e não me lembro de uma coisa idêntica. Um fogozito em qualquer aldeia era normal, mas assim, por todo o lado. Pegou-se ali em Sirarelhos e tem dado muito trabalho", referiu Filinto Peixoto Dias.
De acordo com a ANEPC, o incêndio entrou em fase de resolução às 04:24 e pelas 17:00 estavam ainda mobilizados para esta ocorrência 304 operacionais, apoiados por 100 viaturas e quatro meios aéreos.
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