Carlos Moedas discursou hoje no comício da campanha da Aliança Democrática, em Évora, e dramatizou a decisão que os eleitores terão de tomar no próximo dia 10 de março, considerando que "mais do que uma escolha de projetos, é um momento de escolha para esta geração".
"A mera hipótese de o PS ganhar eleições significa o falhanço total do sistema de alternância democrática que fundámos no 25 de Abril", afirmou.
Para Moedas, uma vitória do PS -- que disse estar certo que não acontecerá -- "seria a destruição do sistema, porque "a alternativa ao PS não pode ser um PS alternativo", mas a AD.
"Só assim podemos salvar a alternância democrática, só assim podemos evitar que, 50 anos depois do 25 de Abril, voltemos a um regime de partido único, nós não queremos isso, Portugal não terá isso porque a AD vai ganhar", salientou.
Na sua intervenção, o autarca lisboeta voltou a trazer o tema da imigração à campanha da AD, acusando o PS de ter criado "o caos" e agora querer "diabolizar todos quantos falem sobre imigração".
"É por isso que precisamos de olhar para a imigração com responsabilidade e dizer: para recebermos com dignidade os imigrantes, então temos de garantir que eles têm as condições para viver em Portugal. Nós precisamos deles, mas com dignidade, a AD tem de falar nisto", defendeu.
"Nós não falamos dos assuntos que o PS quer que falemos, nós falamos do que preocupa os portugueses!", acrescentou.
Moedas começou a sua intervenção "com uma palavra de repúdio" pelo episódio que marcou hoje a campanha da AD, quando um ativista atingiu Luís Montenegro com tinta verde, à entrada para a Bolsa de Turismo de Lisboa.
"É um ataque grave à democracia. Quem o fez não está interessado em combater as alterações climáticas, quem o fez foi por razões cobardes e políticas", acusou.
Moedas, que foi eleito deputado por Beja em 2011, acusou o PS de não ser honesto com as pessoas e ter deixado de ser "um partido confiável", apontando como exemplos as falhas nas políticas de habitação ou as acusações à AD de querer cortar pensões, e de fazer uma campanha pela negativa, dizendo "a AD é o diabo e vai fazer mal às pessoas".
"Eles têm medo que a AD venha trazer uma vida melhor às pessoas, se tiverem uma vida melhor não votam neles e votam em nós", disse.
Moedas apelou a que os portugueses escolham "a honestidade e não a desonestidade, fazer e não fingir que se faz, a competência e não a incompetência, a moderação e não o radicalismo".
"Vamos ganhar com muita força", vaticinou.
Antes, o líder do CDS-PP, Nuno Melo, apontou Carlos Moedas como "o exemplo da AD que já venceu" nas autárquicas de Lisboa.
"Significa o melhor desta coligação que funciona impecavelmente todos os dias", disse, num dia em que foi notícia a defesa pelo dirigente do CDS-PP Paulo Núncio de um novo referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez, que foi rapidamente afastado quer por Nuno Melo quer por Luís Montenegro.
O líder do CDS-PP centrou hoje o seu discurso na importância da agricultura para a AD e voltou a contestar que o Chega - sem dizer o nome -- possa ser classificado como um partido da direita.
"Partidos que defendem mais taxas, mais impostos e mais Estado, aquilo não é direita, quem é de direita tem de dar uma oportunidade a Luís Montenegro", apelou.
Antes do comício, Moedas encontrou-se com o presidente do PSD no final de um contacto de rua em Évora já ao anoitecer e, com Nuno Melo, os três subiram ao palco a cantar animadamente o hino da AD, que diz que "Luís Montenegro é a esperança".
Durante pouco mais de meia hora a caravana da AD percorreu uma pequena distância no centro de Évora, já com pouca gente na rua para lá dos apoiantes, com os líderes do PSD e do CDS-PP a entrarem em algumas lojas apertadas, sempre rodeados de muitas câmaras televisivas e cânticos e música de colunas das 'jotas' do PSD e da AD, que tornam quase impossível perceber as trocas de palavras com as pessoas.
No círculo de Évora, que elege três deputados, o PSD conseguiu um em 2022 e o PS dois, recuperando o que tinha perdido em 2019 para a CDU e a AD volta a apostar em Sónia Ramos para cabeça de lista.
[Notícia atualizada às 20h48]
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