O Centro de Estudos Russos da Universidade de Coimbra (UC) prestou esclarecimentos, esta sexta-feira, após ter sido noticiado o alegado "despedimento sumário" de Vladimir Pliassov, diretor desse mesmo centro, e confirmado por fonte da reitoria da UC.

O centro explica que, no contexto da guerra na Ucrânia, foi tomada a decisão de cessar o protocolo com a Fundação Russkyi Mir, criada por Vladimir Putin em 2007 e sancionada pela Comissão Europeia por constituir veículo de propaganda e desinformação.

Ao contrário do que aconteceu em algumas instituições europeias, na Universidade de Coimbra foi garantida a "continuidade do Centro de Estudos Russos, mas financiado com base em recursos próprios da Reitoria e o contrato de trabalho do Professor Vladimir Pliassov foi cumprido pontualmente até à data da sua aposentação", explicam os responsáveis no comunicado enviado às redações.

"Rejeitamos qualquer ação com base num princípio de culpa coletiva, pelo que não há lugar a afastamentos em função da nacionalidade. Na UC encontram-se atualmente 4 professores de carreira, 4 investigadores e 21 estudantes de nacionalidade russa", referem ainda.

A nota dá ainda conta de que o professor Vladimir Pliassov, "sem conhecimento da Reitoria, após a aposentação, continuou a dirigir o Centro de Estudos Russos, gerindo a respetiva página da internet, onde até dezembro de 2022 constava ainda, indevida e inaceitavelmente, o logotipo da Fundação Russkyi Mir".

"A continuação do referido professor na UC, a partir de 1 de setembro de 2022, fez-se com base num acordo de colaboração voluntária, a título gracioso. A Reitoria, ao tomar conhecimento efetivo deste acordo, cessou-o de imediato no quadro jurídico aplicável", esclarece o Centro de Estudos Russos da UC.

Recorde-se que, no início do mês, a Rádio Renascença avançou que o diretor do Centro de Estudos Russos da Universidade de Coimbra (UC), Vladimir Pliassov, foi afastado do cargo na sequência de alegadas ações de propaganda pró-Putin.

O afastamento foi confirmado, posteriormente, confirmada por fonte da reitoria da UC ao Notícias ao Minuto. "É verdade que a reitoria determinou a cessação imediata do vínculo com o professor", explicou.

A mesma fonte garantiu ainda, na altura, que o estabelecimento de ensino "está desde sempre comprometido com valores europeus e totalmente solidária com a Ucrânia" no âmbito do conflito causado pela invasão das tropas russas, a 24 de fevereiro de 2022. 

A situação tinha sido denunciada num artigo de opinião publicado no Observador e no Jornal Proença, assinado por dois ativistas ucranianos com ligações àquela universidade. 

Os dois ativistas, Olga Filipova e Viacheslav Medviedev, acusam a universidade de ser "um espaço para transmitir a propaganda imperial russa e a cultura que criou a Rússia moderna."

Em resposta, Vladimir Pliassov, afirmou estar "indignado e perplexo" com a decisão da reitoria e "quaisquer acusações deveriam ser feitas com base em factos e não em opiniões questionáveis".

[Notícia atualizada às 21h51]

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