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Portugal será país triste "se não houver novo 25 de abril"

A historiadora Raquel Varela considera que "se não houver um novo 25 de abril", Portugal será "um país muito triste", com "regressão social, baixíssimos salários e assistência social generalizada".

Portugal será país triste "se não houver novo 25 de abril"
Notícias ao Minuto

09:20 - 25/03/14 por Lusa

País Historiadora

"Se houver um novo 25 de Abril imagino um país que recupere a alegria como foi recuperada em 1974/75", disse em entrevista à Lusa a investigadora do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.

Caso haja "uma rutura com a tristeza que é este regime, as pessoas podem recuperar o seu bem-estar, os seus espaços de humanização", afirmou.

Se não houver essa rutura, "imagino um país muito triste, com níveis objetivos de regressão social, baixíssimos salários, assistência social generalizada sem direito ao Estado social e depois todas as consequências associadas a isto", acrescentou, com a convicção de que com as atuais condições de desenvolvimento da Europa "esta situação só se vai alterar de uma forma revolucionária".

A historiadora afirmou que as guerras são um dos elementos fundamentais para as revoluções, como aconteceu com a guerra colonial em relação ao 25 de Abril de 1974, "mas há outros fatores como a regressão social, a imobilidade social".

Segundo Raquel Varela, as desigualdades sociais acentuaram-se muito desde o empréstimo da 'troika' a Portugal.

"Passámos de 2 milhões de pobres para 3 milhões, sem transferências sociais, ou seja temos um terço da população que não vive sem alguma forma, direta ou indireta, de assistencialismo ou de proteção social e isso é uma desgraça, é uma desgraça viver num país assim".

Suspender a dívida pública é o principal desafio que o país enfrenta nos próximos anos, considerou.

"Sem isso nada pode mudar e portanto tem de haver aqui um olhar sobre a dívida pública, não como uma dívida que temos de honrar, mas como um garrote sobre as pessoas. É uma renda privada de capital que vive dos salários e das pensões e que cresce sobre si própria", afirmou.

Para Raquel Varela, reconfigurar o mercado de trabalho de forma a garantir o pleno emprego é outro objetivo e o terceiro desafio é garantir a manutenção de um Estado social com "espaços essenciais", como a saúde de qualidade, a educação de qualidade, o direito ao lazer e à cultura.

"Penso que os dois cenários estão em aberto: a revolução e a regressão", sintetizou.

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