Escolas abertas? "A teimosia do primeiro-ministro está a custar vidas"
A bastonária dos enfermeiros defende que os estabelecimentos de ensino já deviam estar fechados e garante que a situação é "muito pior do que aquilo que nós imaginamos".
© Blas Manuel
País Covid-19
A bastonária dos enfermeiros, Ana Rita Cavaco, defendeu na noite desta terça-feira, na TVI24, que as escolas "deviam estar fechadas ontem, não era hoje, nem amanhã" e que a renitência no encerramento das mesmas está a custar vidas.
"O fecho das escolas era para ontem. A teimosia do senhor primeiro-ministro está a custar vidas aos portugueses. É isto que está a acontecer. Em 87% dos casos não sabemos de onde veio o contágio. Por isso, nós não podemos dizer que as escolas são lugares seguros", atirou, acrescentando que as mensagens passadas pelo Governo têm sido "contraditórias" e que isso torna "difícil para os portugueses entenderem" o que devem ou não cumprir.
Questionada sobre a situação dos hospitais, num momento em que Portugal passa pela pior crise sanitária de que há lembrança, devido à pandemia da Covid-19, Ana Rita Cavaco começou por deixar um apelo aos portugueses: "Ajudem-se uns aos outros, ajudem os enfermeiros porque, infelizmente, não chegamos para todos. Fiquem em casa, eu sei que conseguimos".
De seguida, a bastonária revelou que "a situação é para lá daquilo que possamos imaginar que é mau e sem nenhum exagero. É de facto muito pior do que aquilo que nós imaginamos".
"Os enfermeiros estão a fazer, sem folgas, 12, 16, 18 horas seguidas. Sete dias, muitas vezes mais. São seis horas e mais dentro daqueles fatos sem comer, sem beber, sem ir à casa de banho e depois toda a frustração de, numa urgência, querer chegar a um doente e muitas vezes chegar lá e ele já partiu. Isso acontece e tem acontecido muitas vezes, muitas mais vezes do que nós gostaríamos de ver", descreveu a profissional de saúde.
Ana Rita Cavaco contou ainda que, na segunda-feira, a Ordem dos Enfermeiros visitou o Hospital dos Covões, em Coimbra, e que foi relatado que estão a morrer pessoas na Urgência "muitas vezes, sozinhas" e que "demoram horas para conseguir tirar aquelas pessoas que já partiram daquele espaço que é tão precioso para aquelas que estão dentro das ambulâncias e que ficam horas e horas à espera".
"Não há pessoas para tirar aquelas que já partiram", garantiu.
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