Ministro da Defesa quer aliados europeus a reforçar missão da ONU na RCA
O ministro da Defesa vai propor junto dos congéneres da União Europeia, em 14 de maio, que mais países europeus integrem a missão militar da ONU na República Centro-Africana (RCA), considerando que esse reforço seria "altamente desejável".
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País João Gomes Cravinho
Portugal integra a missão militar da ONU na RCA (MINUSCA) desde o início de 2017, sendo o único país europeu a contribuir com militares para as operações no terreno, que conta com forças de vários países africanos e asiáticos nesta vertente e com alguns militares franceses em funções de quartel-general.
Os militares portugueses, já no 5.º contingente, com 180 efetivos, entraram em várias operações de risco, destacando-se mais recentemente o combate a grupos armados numa das principais cidades, Bambari, em novembro e em dezembro passados.
Em entrevista à Lusa, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, considerou "altamente desejável o apoio de outros países europeus" para o "reforço da capacidade militar" da MINUSCA na RCA, numa altura em que "se espera a consolidação do processo de paz", depois dos acordos firmados com os grupos armados e autoridades militares e políticas naquele país.
"Há um consenso no plano europeu de que aquela região subsaariana é muitíssimo importante para a estabilidade na Europa", sublinhou.
Partindo deste "consenso", e depois de dois anos como único país europeu na missão militar da ONU, o Governo português entende que chegou a altura de mais países "aliados" reforçarem a capacidade militar da MINUSCA na RCA e vai colocar a questão na cimeira ministerial de Defesa da União Europeia, no próximo dia 14 em Bruxelas.
"Sim, vou sublinhar aos nossos aliados a importância de estarmos não só no Mali, como também na República Centro Africana e espero que haja sensibilidade em relação a isso", declarou.
"Felizmente estamos numa outra fase, temos consciência de que é frágil, de que o acordo de paz mantém ainda um grau de precariedade, mas o objetivo é de consolidar a paz", disse.
O governante sublinhou que, no início da semana, a força de reação rápida portuguesa iniciou em Bouca, a 280 quilómetros a norte de Bangui (capital da RCA) uma operação "bastante diferente" da que teve em Bambari em novembro e em dezembro passados.
"Em Bambari, o objetivo era neutralizar a capacidade militar de um bando armado. Hoje em dia, em Bouca, o objetivo é apoiar as Forças Armadas centro-africanas com missões de patrulha conjuntas com [elementos de] um dos antigos grupos armados e isso resulta já de um acordo de paz", acentuou.
Os militares portugueses estiveram durante a semana em Bouca em operações de patrulha conjunta com as Forças Armadas da RCA, incluindo patrulhas noturnas.
"É um progresso grande, a nossa esperança é que este processo de paz se consolide agora. Mas, não devemos ter ilusões, é algo que não se faz de um dia para o outro. O nosso apoio é fundamental e é altamente desejável o apoio de outros países europeus, para além dos países africanos e asiáticos", disse.
Em fevereiro foi assinado um acordo de paz entre os 14 grupos armados e as autoridades centro-africanas. O texto vinha a ser preparado desde 2017 pela União Africana e foi o oitavo acordo assinado desde o início da crise, em 2013.
Já depois da assinatura do acordo, o grupo FDPC, que também o subscreveu, erigiu barricadas em sinal de descontentamento com as autoridades, que, na sua opinião, "não tinham respeitado" o acordo para a formação do governo.
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