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Pedofilia na Igreja. "Conclave não foi passo em frente, foi marcar passo"

Miguel Sousa Tavares lamenta que a Igreja não tenha tomado medidas mais incisivas para proteger os menores dos abusos sexuais do clero.

Pedofilia na Igreja. "Conclave não foi passo em frente, foi marcar passo"
Notícias ao Minuto

23:51 - 25/02/19 por Melissa Lopes

País Miguel Sousa Tavares

Os escândalos de pedofilia na Igreja levaram o Papa Francisco a convocar uma cimeira considerada histórica, no Vaticano, onde estiveram 190 representantes da hierarquia religiosa e 114 presidentes ou vice-presidentes de conferências episcopais de todo o mundo.

Miguel Sousa Tavares comentou o conclave, que se reuniu durante os últimos dias da semana passada, tecendo-lhe algumas críticas, apesar de se ter tratado, na opinião do comentador, de uma cimeira com uma intenção “muito séria” da parte do Papa. Contudo, no entender do escritor e jornalista, Francisco “enfrentou uma grande oposição dos bispos”.

“Aliás, pareceu-me que era claro que os bispos não estavam dispostos a submeter-se à vontade do Papa”, constatou, sinalizando que Francisco “mudou claramente” desde que foi ao Chile no ano passado, altura em que “foi confrontado com casos de pedofilia a que não ligou”.

Para Sousa Tavares, havia duas coisas essenciais neste conclave. Uma delas era que a Igreja se comprometesse a não voltar a dissimular mais casos, a escondê-los. “E o Papa comprometeu-se com isso”, sublinhou.

Outro ponto essencial era que a Igreja “não guardasse para si a punição dos abusadores, que os entregasse à justiça dos homens”. “O Papa disse que a Igreja fará tudo o que for possível para entregar os abusadores às autoridades, o que é diferente de dizer: ‘entregaremos todos’”, referiu.

Por outro lado, prosseguiu o comentador da TVI, havia aspetos importantes com os quais a Igreja não se comprometeu. No entendimento do jornalista, era importante garantir “que os padres envolvidos em abusos eram expulsos do sacerdócio”. E, quanto a isso, criticou, “nada foi dito”.

Do mesmo modo, continuou, também não foi dito que era preciso garantir “que os bispos que os encobrissem eram demitidos de funções e que os arquivos do Vaticano - onde estão todos os crimes que foram cometidos até agora - seriam abertos publicamente e entregues às autoridades”.

Tudo isso leva o comentador a concluir que o conclave “não foi um passo em frente, foi marcar passo”.

No que a Portugal diz respeito, Sousa Tavares diz ter ficado “ainda mais preocupado ao ouvir o cardeal patriarca D. Manuel Clemente dizer que as regras de 2002 serão corrigidas, quer dizer que afinal não são suficientes” e que “os pouquíssimos casos serão objeto de novas estatísticas que, talvez, venham a ser divulgadas e que no futuro será participado às autoridades os abusos mediante consentimento da vítima e da família”.

Ora, tendo em conta “o poder que a Igreja tem sobre as vítimas e as famílias, é muito fácil prever que lhes dê a volta”, vaticinou.

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