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Foi violada e perdeu o marido. O final feliz da mulher "amaldiçoada"

Esta é uma história de sofrimento e muita força de vontade.

Foi violada e perdeu o marido. O final feliz da mulher "amaldiçoada"
Notícias ao Minuto

14:04 - 02/07/17 por Patrícia Martins Carvalho

Mundo África

Terry Gobanga estava prestes a casar-se. O dia era perfeito. A igreja de Todos os Santos, em Nairóbi, no Quénia, estava decorada a rigor e os convidados, tal como o noivo, esperavam ansiosos a chegada da noiva.

Porém, Terry nunca chegou. Ao raiar do sol saiu de casa para levar uma amiga até à paragem de autocarros e foi então que o seu pesadelo começou.

A pastora da congregação local foi sequestrada por um grupo de homens e violada repetidas vezes dentro de um carro. “Eles revezavam-se”, contou, citada pela BBC. Mas isto não foi tudo.

Quando os homens lhe tiraram a mordaça da boca, ela, desesperada, mordeu o pénis de um deles e o outro esfaqueou-a no abdómen. Depois foi atirada para a estrada e abandonada, às portas da morte, a muitos quilómetros de distância da sua casa.

Os populares viram-na e chamaram as autoridades. Como não lhe sentiram o pulso, deram-na como morta e enrolaram-na num lençol. Porém, Terry tossiu e todos perceberam que estava viva.

A mulher foi então levada para o hospital. A cara estava cheia de hematomas, pois tinha sido esmurrada por diversas vezes, e o abdómen apresentava um golpe profundo.

Quando acordou, os médicos disseram-lhe que a faca havia atingido o útero, razão pela qual não poderia vir a ter filhos. O noivo recusou-se a deixá-la e acompanhou a sua recuperação de perto, sempre presente.

A polícia nunca conseguiu encontrar os violadores. Várias vezes fui chamada para identificar suspeitos, mas nenhum deles era parecido com os meus agressores. Todas as vezes que ia à esquadra era um sofrimento, o que acabava por dificultar a minha recuperação. Chegou uma fase em que disse à polícia: ‘Estou farta disto’

Sete meses depois da tragédia, Terry e Harry casaram-se, finalmente. A felicidade fazia esquecer o sofrimento passado, mas, um mês após a troca da alianças, uma nova tragédia se abateu sobre esta mulher.

Numa noite de frio, Harry acendeu um aquecedor a carvão e acabou por morrer por intoxicação de monóxido de carbono. Terry salvou-se, a custo. Entre desmaios e vómitos, conseguiu pediu ajuda a um vizinho.

Voltar à igreja para o funeral foi horrível. Um mês antes tinha lá estado, a usar o meu vestido branco e com Harry no altar à minha espera. Agora estava vestida de preto e ele estava num caixão

As pessoas de Nairóbi começaram a dizer que Terry estava "amaldiçoada" e não permitiam que os seus filhos falassem com ela. Houve até quem a acusasse de ter assassinado o marido.

Foram tempos difíceis os que se seguiram. Crente em Deus, Terry questionou muitas vezes a sua sorte e depois de muitos dias em sofrimento, fechada em casa, decidiu que tinha de continuar com a sua vida.

Foi então que se aproximou de Tonny, uma das poucas pessoas que não tinha medo da “maldição” que a acompanhava. Com o passar do tempo, o casal apaixonou-se ele pediu-a em casamento.

Primeiro disse-lhe que não, pois tinha uma história de vida trágica e nem sequer podia ter filhos, mas ele não se importou.

As crianças são um presente de Deus. Se nós as tivermos, amén. Senão, vou ter mais tempo para te amar

Terry aceitou, mas teve de enfrentar o sogro que a descreveu como “amaldiçoada”, recusando-se a estar presente na cerimónia.

Mas Terry e Tonny casaram três anos após o primeiro casamento dela. Um ano depois, e contra todas as expectativas, Terry engravidou. O casal ficou radiante com a menina que nasceu e mais radiante ainda quando voltou a engravidar.

“Perdoei os meus agressores. Não foi fácil, mas percebi que não valia a pena. A minha fé estimula-me a perdoar e não a pagar o mal com mal, mas sim com bem”, rematou.

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