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"Espionagem dos EUA abrange China e Hong Kong há anos"

Edward Snowden, informático que revelou um vasto programa de vigilância de comunicações do Governo dos EUA, acusou Washington de espiar a China e Hong Kong há anos, numa entrevista exclusiva ao jornal South China Morning Post, publicada hoje.

"Espionagem dos EUA abrange China e Hong Kong há anos"
Notícias ao Minuto

13:52 - 13/06/13 por Lusa

Mundo Edward Snowden

O ex-técnico contratado da CIA e antigo consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA), que denunciou os programas de espionagem dos EUA que permitem consultar registos de chamadas e recolher informação ‘online' a partir de redes sociais, indicou que pretende continuar na antiga colónia britânica até que lhe peçam para sair.

"Tenho tido muitas oportunidades para sair de Hong Kong, mas prefiro ficar e lutar contra o Governo dos EUA nos tribunais, porque acredito no Estado de Direito de Hong Kong".

O norte-americano, de 29 anos, - que diz não ser "nem um herói nem um traidor" - deixou "explosivas" acusações contra Washington, ao assegurar nomeadamente que o controverso programa PRISM, usado pela NSA para armazenar elementos como dados pessoais, e-mails e conversas, abrange também indivíduos e instituições tanto em Hong Kong como no interior da China.

Segundo Edward Snowden, que se apoiou em documentos - cuja veracidade não foi atestada pelo jornal -, a NSA tem pirateado computadores em Hong Kong e no interior da China desde 2009, mas em nenhum deles são reveladas quaisquer informações sobre os sistemas militares chineses.

O ex-analista acredita que tenham sido levadas a cabo pela NSA 61 mil operações de ciberataques, em termos globais, com centenas de alvos em Hong Kong e no interior da China.

"Atacamos a 'espinha dorsal' das redes, como gigantescos ‘routers', que nos oferecem acesso às comunicações de centenas de milhares de computadores, sem ter que piratear cada um deles", detalhou.

Na entrevista, Edward Snowden também acusa os EUA de estarem a exercer pressão diplomática para que seja extraditado, "desesperados" por impedir que divulgue mais informações confidenciais.

"A única coisa em que me posso apoiar agora é na minha formação e na esperança de que os governos de todo o mundo vão recusar serem intimidados pelos Estados Unidos para perseguirem pessoas que procuram asilo político", afirmou, a partir de uma localização desconhecida no território.

O informático encontra-se na Região Administrativa Especial chinesa desde o dia 20 de maio, uma opção que tem sido questionada nomeadamente por ativistas que acreditam que Hong Kong não tem condições para o proteger.

"As pessoas que pensam que cometi um erro ao escolher Hong Kong entenderam mal. Não estou aqui para me esconder da justiça", mas para "revelar crimes", apontou.

Neste sentido, assegurou que vai combater qualquer tentativa do Governo norte-americano de o extraditar: "A minha intenção é pedir aos tribunais e ao povo de Hong Kong que decidam o meu destino. Não tenho razões para duvidar do vosso sistema".

Os EUA não apresentaram, até ao momento, qualquer pedido de extradição, embora seja esperado que o façam, sobretudo depois de vários senadores o terem acusado de traição. Apesar de existir um tratado de extradição entre as duas jurisdições, alguns especialistas entendem que um tal processo levaria meses e poderá ser bloqueado por Pequim.

As autoridades de Hong Kong têm recusado, até ao momento, prestar declarações sobre o caso.

Hoje, o Governo chinês também afirmou "não ter informações a dar". Na conferência de imprensa diária, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, repetiu, face à insistência dos jornalistas, que "lamentavelmente" não tem, neste momento, informações para facultar.

Hua Chunying optou antes por sublinhar que a China é uma das principais vítimas de ciberataques e lançou um apelo à comunidade internacional. "A cibersegurança é um assunto internacional, muitos países deparam-se com esse problema, [o qual] deve ser abordado pela comunidade internacional", assinalou, defendendo que a cooperação a esse nível deve ser melhorada.

A China, insistiu a porta-voz, "opõe-se a todo o tipo de pirataria e de ataques cibernéticos".

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