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Lamia, prémio Sakharov, promete ser "a voz dos que não têm voz"

Uma das jovens de etnia yazidi laureadas com o Prémio Sakharov, Lamia Haji Bachar, garantiu hoje, na cidade alemã de Estugarda, onde vive exilada, que será "a voz dos que não têm voz".

Lamia, prémio Sakharov, promete ser "a voz dos que não têm voz"
Notícias ao Minuto

17:35 - 28/10/16 por Lusa

Mundo Yazidi

"A partir de agora, pretendo ser a voz de todas as pessoas, de todas as pessoas discriminadas, de todas as mulheres e crianças que foram vítimas em todo o mundo", disse à agência francesa AFP a jovem de 18 anos, vítima do grupo extremista Estado Islâmico.

Lamia Haji Bashar e Nadia Murad, outra jovem yazidi de 23 anos, foram distinguidas este ano com o Prémio Sakharov de direitos humanos.

Ambas as jovens foram sequestradas pelo grupo extremista Estado Islâmico e abusadas como escravas sexuais, durante meses.

Natural de Kocho, no Iraque, Lamia Bachar foi sequestrada aos 16 anos por elementos do Estado Islâmico. Tentou fugir várias vezes durante os 20 meses de cativeiro, até conseguir escapar. Mas esperavam-na ainda mais abusos, desta vez às mãos do diretor de um hospital em Hawjiah, que a violou.

Acabou por conseguir fugir, com duas outras jovens, mas, durante a viagem para Kirkuk, uma delas pisou uma mina terrestre, tendo morte imediata.

Lamia Bashar, em tratamento desde que foi acolhida na Alemanha como refugiada em abril, sobreviveu à explosão, mas sofreu queimaduras na cara e perdeu o olho direito.

A jovem diz que é hoje "mais forte", por ter o apoio e a "simpatia" internacionais. "[Ser] a voz de todas as vítimas, essa foi a força que me fez escapar" a 20 meses de cativeiro, afirmou.

Nas respostas à AFP, traduzidas do curdo para inglês, Lamia Bachar conta ainda que gostava de ser professora, mas que continuará a ser "ativista" em defesa de vítimas de crimes como ela.

"Espero que aquilo que está a acontecer ao meu povo não aconteça a mais nenhum", frisou.

A minoria yazidi tem sido perseguida e massacrada pelo Estado Islâmico no Iraque.

Peritos das Nações Unidas concluíram que o Estado Islâmico tem premeditado o extermínio de toda a comunidade yazidi, crime enquadrável como genocídio.

As duas jovens distinguidas com o Prémio Sakharov, que será entregue a 14 de dezembro, tornaram-se nos rostos da campanha global para proteger o povo yazidi de um potencial genocídio.

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