Poderoso grupo rebelde abandona negociações de paz na Birmânia
O mais poderoso grupo rebelde birmanês abandonou hoje as primeiras conversações de paz organizadas pelo governo de Aung San Suu Kyi, desde que chegou ao poder há alguns meses.
© Reuters
Mundo Conflito
Os negociadores do Exército Unido do Estado Wa (UWSA, sigla em inglês) e os organizadores tentaram minimizar esta saída, no segundo dia das negociações, argumentando a existência de "um mal-entendido" sobre o estatuto da delegação.
O grupo de representantes Wa recebeu, no início da reunião na quarta-feira, identificações como observadores, que não os autoriza a usar da palavra.
"É um mal-entendido. Vamos contactá-los se ainda estiverem aqui e negociaremos" o seu regresso, declarou à imprensa Khin Zaw Oo, representante do governo nas negociações organizadas em Naypyidaw, capital administrativa birmanesa.
O UWSA suspendeu em 1989 as ações de luta armada contra a junta militar, então no poder, em troca do controlo de uma parte do território na fronteira com a China, zona conhecida pelo tráfico de droga.
O grupo, que mantém fortes ligações culturais com a China, manteve o exército permanente, que integra entre 20 e 25 mil homens.
No final de julho, na sequência de uma reunião com a prémio Nobel da Paz de 1991, o UWSA aceitou participar nas negociações de paz birmanesas.
Apesar dos apelos para a paz de Aung San Suu Kyi, que chegou a referir a ideia de constituição de uma federação que daria mais poderes às regiões, os combates continuam entre vários grupos armados e o exército birmanês nas regiões Kachin (norte) e Shan (leste).
Desde a independência do país, em 1948, a Birmânia (Myanmar), onde vivem mais de 130 etnias diferentes, confronta-se com ataques de grupos rebeldes que exigem mais autonomia.
Vários conflitos étnicos complexos dominam as fronteiras do país, prejudicando os esforços para reforçar a economia birmanesa depois do fim do poder da junta.
Muitas milícias enriqueceram com o tráfico de drogas, gemas e madeira, enquanto as diferentes minorias étnicas continuam a desconfiar do poder e dos militares, depois de décadas de ditadura.
A minoria Wa é acusada de produzir e traficar grandes quantidades de metanfetaminas e heroína, a partir do seu reduto secreto, comprando armas com o rendimento obtido.
No início do mês passado, durante uma visita de Suu Kyi a Pequim, o presidente chinês, Xi Jinping, prometeu apoiar o processo de paz na Birmânia, o que foi entendido como um apoio às tentativas do governo birmanês de incluir os Wa nas conversações.
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